Oriente Médio
Casa Branca reafirma a opção de Obama sobre o uso de tropas terrestres
O presidente dos EUA, Barack Obama, se mantém firme na decisão de não enviar tropas terrestres para combater o Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria, apesar de um funcionário do alto escalão do Pentágono ter mencionado essa possibilidade ontem, garantiu o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest. O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Martin Dempsey, disse ontem em uma audiência no Senado que não descarta a possibilidade de recomendar a Obama o envio de tropas em uma missão de combate em situações como uma possível tentativa de retomar Mossul, que foi conquistada pelos jihadistas em junho. Perguntado por essas declarações, que contradizem a promessa de Obama de não dar às tropas americanas um papel de combate na Síria ou no Iraque, o porta-voz da Casa Branca assegurou que Dempsey falou no contexto dos planos encarregados ao Pentágono para responder a distintas contingências. O presidente se reuniu ontem no Salão Oval com o general reformado John Allen, que foi designado no sábado como enviado especial para a coalizão global para combater o EI, e com o "número 2" na missão, que é também o encarregado para o Irã e o Iraque no Departamento de Estado, Brett McGurk.
Uma revista publicada em várias línguas, inclusive o inglês, apresenta o Estado Islâmico (EI) como a única voz muçulmana no mundo, na tentativa de convocar estrangeiros para lutar pelo califado no Iraque e na Síria.
A publicação Dabiq, que já está na terceira edição, mostra a guerra do EI não como um evento singular, mas como a continuação de uma batalha de civilizações, e tenta ridicularizar os ocidentais.
"Você vai invadir a Península Arábica, e Deus irá permitir que você a conquiste", diz o segundo número da Dabiq, intitulado "The Flood" (o dilúvio).
"Então você vai invadir a Pérsia, e Deus irá permitir que você a conquiste. Então você vai invadir Roma, e Deus irá permitir que você a conquiste. Em seguida, você vai lutar contra o falso messias, e Deus vai permitir que você o conquiste".
Chamando os ocidentais de "romanos" ou "cruzados", a revista critica severamente a sociedade baseada nos empregos e salários, denominando-a de "escravidão moderna".
A publicação apresenta duas opções de vida: seguir o islã e a fé, ou então a descrença e a hipocrisia. O segundo grupo seria representados pelos judeus e por outras nações lideradas pelos EUA e pela Rússia.
A violência é outro traço importante da revista. As mais de cem páginas já publicadas nos três números estampam imagens de militantes mascarados em cenários de chamas e com o mar agitado no fundo. Há fotos de cadáveres sangrando, prédios destruídos e, talvez o mais perturbador, uma seção dedicada à decapitação do jornalista americano James Foley.
"Famílias muçulmanas foram mortas sob a definição ampla de danos colaterais, direito que os EUA concedem somente a si de aplicar", diz a revista em sua terceira edição. "Mas se um mujahid mata um único homem com uma faca, é um assassinato bárbaro de um inocente", conclui.
Dabiq
O nome da revista Dabiq remete à cidade homônima do norte da Síria. Apesar de pequena, o local é conhecido pela grande importância histórica e religiosa, onde ocorreu uma das maiores batalhas entre o Ocidente e as forças do Islã. No confronto decisivo de 1516, os otomanos e mamelucos se enfrentaram. As tropas do Império Otomano ganharam a guerra, solidificando o último califado islâmico reconhecido.