Mortes Na ONU
Conselho de Segurança pede reforços
AFP
O Conselho de Segurança das Nações Unidas exigiu na noite da sexta-feira do governo afegão uma melhor proteção do pessoal da ONU no país, após a morte de sete funcionários da organização na cidade de Mazar-i-Sharif. Ao final de uma reunião extraordinária, os 15 membros do Conselho de Segurança publicaram um comunicado no qual condenam, "nos termos mais veementes", o ataque contra o escritório da ONU em Mazar-i-Sharif, a grande cidade do norte do Afeganistão, durante um protesto contra a queima de um exemplar do Alcorão nos Estados Unidos.
Segundo o Conselho, o ataque que matou sete funcionários estrangeiros foi o mais letal contra a ONU no Afeganistão desde a invasão do país pela coalizão internacional, no final de 2001, para derrubar o regime taleban e combater a Al-Qaeda.
O Conselho de Segurança apela "ao governo afegão para que leve os responsáveis à justiça e adote todas as medidas possíveis, com a assistência da Força Internacional de Assistência e Segurança (Isaf), para garantir a proteção do pessoal da ONU e de suas instalações".
Os protestos contra a queima do Alcorão por um pastor norte-americano no dia 20 de março se espalharam pelo Afeganistão. Chegaram ontem a Candahar, coração da insurgência do Taleban no país, deixando nove mortos.
Na sexta-feira, sete funcionários da ONU em Mazar-i-Sharif (norte) tinham sido mortos em um ataque ao prédio da entidade na cidade.
Em Candahar, centenas de manifestantes, com bandeiras do Taleban e cartazes pedindo "morte à América" colocaram fogo em carros e destruíram lojas.
Como costuma ocorrer, quase todos eram homens jovens. Além dos mortos, 81 pessoas ficaram feridas. Não está clara a identidade das vítimas. Salas de aula de uma escola para meninas e um ônibus escolar foram destruídos o Taleban é contra a educação feminina.
O movimento fundamentalista negou ter orquestrado o protesto, dizendo que ele era apenas a "manifestação do povo islâmico".
Na capital, Cabul, a Otan reprimiu um ataque a uma das suas bases. Dois homens-bomba vestindo burcas (traje feminino) foram mortos antes que se explodissem. Três soldados ficaram levemente feridos.
Além disso, outras regiões, como Herat e Tahar, também tiveram protestos, porém sem mortes.
Os protestos, que são a maior onda de violência em meses no país, foram convocados pelos sermões da última sexta-feira, dia de orações entre os islâmicos.
Na sexta-feira anterior, porém, ninguém tinha dado atenção à queima do Alcorão pelo pastor Terry Jones, da Flórida, ainda que ele já tivesse incinerado a obra.
Surpreendentemente, quem atraiu a atenção para a queima que tinha passado despercebida foi o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. Ele fez um discurso na quinta dizendo que Jones deveria ser preso.
O medo dos especialistas é que os protestos, num efeito bola de neve, levem o país (e, no pior dos cenários, o resto do mundo islâmico) a um cenário ainda mais instável.
"A raiva contra os estrangeiros, que se manifesta contra militares, ONGs, a ONU e outros atores, precisa apenas de uma pequena faísca para gerar um grande incêndio", diz Thomas Ruttig, diretor da Rede de Analistas do Afeganistão, organização que promove debates e publicações sobre o país.
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