O problema principal do Egito pode ser sintetizado na resposta da seguinte pergunta: estamos testemunhando uma repetição do que houve em Teerã, em 1979, ou em Berlim, em 1989?
Esta seria uma grande rebelião contra uma ditadura cujo objetivo de conquistar a liberdade democrática acabaria com o poder nas mãos de islamitas organizados, como aconteceu na Revolução Iraniana? Ou estaríamos presenciando o fim do "Parque dos Dinossauros Árabe" em que, do Iêmen à Tunísia, déspotas idosos têm governado e o início de um florescer da democracia capaz de promover mudanças mundiais tão profundas quanto as que ocorreram após o colapso do império soviético?
Se for algo como a derrocada soviética, como acredito, é fundamental que se faça a coisa certa. E para fazer a coisa certa será necessário que um ainda inexperiente presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, empregue todo o talento diplomático norte-americano exibido durante o processo de união da Europa, em 1989 e também resgatar lições aprendidas em 1947, na forma de um Plano Marshall para apoiar o possível embrião da democracia egípcia e árabe.
Os Estados Unidos já cansados e com experiência nos acontecimentos no Iraque e na Faixa de Gaza têm buscado o meio-termo da "transição ordeira". Washington deixou claro que Mubarak precisa deixar o poder, mas provavelmente não neste exato momento. Hillary Clinton mandou um recado ao premier de Israel, Benjamin Netanyahu, através de nuances: "Revoluções derrubaram ditadores em nome da democracia, apenas para verem o processo ser sequestrado por novos autocratas".
Em outras palavras: gostaríamos de ver uma revolução árabe ao estilo da revolução de 1989 (queda do Muro de Berlim), mas sofremos muito para esquecer e não gostaríamos de repetir o que ocorreu no Irã em 1979.
Esta última data está gravada na memória diplomática dos EUA. A Casa Branca apoiou o xá Reza Pahlevi por muito tempo e acabou perdendo o Irã. Isso fez com que o Egito passasse a ser o ponto muçulmano alternativo de apoio aos interesses estratégicos dos EUA no Oriente Médio. Não é espanto que os norte-americanos tenham tanto medo de "perder" o Egito.
Tradução: Thiago Ferreira
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