A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, pediu nesta terça-feira apoio dos aliados da Otan para medidas mais duras contra o Irã, ressaltando a aparente intenção do país em exportar tecnologia nuclear. Rice, que foi recebida com violentos protestos em Atenas, se disse preocupada com a declaração do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que garantiu que o Irã está preparado para compartilhar seu conhecimento nuclear.

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- De fato, esse é um dos temores - de que haja o vazamento de conhecimentos e técnicas relativas a tecnologias perigosas - afirmou ela a jornalistas na Turquia, onde chegou após breve escala na Grécia.

Na mesma viagem, ela ainda visita a Bulgária, que também é membro da Otan.

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Khamenei disse em Teerã, após reunião com o presidente do Sudão, que a República Islâmica está disposta a ceder sua tecnologia atômica. O Ocidente acusa o Irã de desenvolver armas nucleares, mas o país garante que seu objetivo é exclusivamente gerar energia para fins civis.

Rice disse em Atenas que a comunidade internacional deve adotar medidas "críveis" para impedir o Irã de manter seu programa nuclear.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) envia na sexta-feira ao Conselho de Segurança um relatório no qual dirá se o Irã está ou não cumprindo as exigências da comunidade internacional.

Segundo Rice, "à luz do contínuo desafio às normas internacionais por parte do Irã", a ONU deve considerar medidas que não sejam apenas declarações.

- Acho que deveremos dar o próximo passo. Parece lógico que devamos considerar uma resolução do Artigo 7, sob o mandato do Conselho de Segurança - afirmou ela, referindo-se ao trecho do estatuto da ONU que autoriza sanções e até ações militares em caso de descumprimento.

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Enquanto Rice se reunia com a chanceler Dora Bakoyanni e com o primeiro-ministro Costar Karamanlis, a polícia grega lançava gás lacrimogêneo contra manifestantes que tentavam chegar à embaixada dos EUA.

A polícia disse que nove manifestantes foram presos. Pelo menos dez lojas do centro de Atenas e quatro carros foram danificados. Não há relatos de feridos.

Rice cobrou avanços na questão de Chipre, uma ilha dividida há 32 anos entre turcos e gregos, o que provoca tensões entre Ancara e Atenas e dificulta a adesão da Turquia à União Européia.

- Acreditamos que precisa haver boa vontade e esforço por parte da Turquia, mas também precisa haver boa vontade e esforço por parte de Chipre - disse Rice em entrevista coletiva.

Ela pediu que Chipre ajude na adesão da Turquia à UE e atenue o isolamento da República Turca do Norte de Chipre, que só é reconhecida por Ancara.

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Na Turquia, Rice tentou aplacar os temores de que a instabilidade no Iraque atinja o país vizinho. Ela prometeu manter o apoio dos EUA à luta de Ancara contra o grupo rebelde Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

A Turquia diz que o conflito do Iraque permite ao PKK realizar mais ataques contra as forças turcas no sudeste do país, e o chanceler Abdullah Gul repetiu na terça-feira um apelo por mais ajuda norte-americana.

Rice disse que a formação de um novo governo no Iraque melhorará a coordenação entre os três países e evitará incursões de membros do PKK pela fronteira. O grupo separatista curdo é considerado terrorista tanto por Washington quanto por Ancara.

- Obviamente também estamos compartilhando informações. Os EUA estiveram ativos no passado ajudando o PKK e estarão ativos no futuro - disse Rice.

A Turquia acusa o PKK pela morte de mais de 30 mil pessoas desde que iniciou sua campanha separatista, em 1984. Cerca de 5.000 rebeldes estariam operando em torno de acampamentos nas montanhas do norte do Iraque.

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