O Estado Islâmico o grupo extremista sunita que conquistou vastas áreas do Iraque e da Síria usando terror poderá perder muitos de seus homens e armas nos bombardeios da coalizão de países liderada pelos Estados Unidos. Mas a arma mais poderosa ainda está longe de ser eliminada: sua fortuna.
Ricos indivíduos de Qatar, Kuwait, Turquia e Arábia Saudita e suspeita-se até dos próprios governos são frequentemente citados como tendo financiado boa parte dos grupos armados sunitas operando hoje na Síria, incluindo o Estado Islâmico. Quanto dessas doações foi parar nas mãos dos radicais do Estado Islâmico? Ninguém sabe. O objetivo de todos é o mesmo: derrubar o líder sírio Bashar al-Assad e enfraquecer os adversários históricos dos sunitas os xiitas (no comando do Iraque) e os alauitas (minoria dissidente do xiismo que domina a Síria e da qual Assad faz parte).
Contudo, a grande fonte da fortuna por trás da máquina de terror do Estado Islâmico não vem daí, afirmam especialistas. Vem da venda de petróleo, sobretudo, e também das extorsões da população nesses dois países e do dinheiro que obtém com raptos e reféns. "O Isis [outra sigla para Estado Islâmico] levanta a maior parte de seu dinheiro localmente no Iraque e na Síria", constatou Howard Shatz, economista da Rand Corporation e ex-integrante do Conselho de Consultores Econômicos da Casa Branca, que hoje faz parte de um grupo de pesquisadores que está estudando mais de 150 de documentos e manuais produzidos pelos extremistas entre 2005 e 2010, e que foram confiscados nas batalhas.
US$ 2 bilhões
Shatz calcula que de 2006 a 2009 o grupo que originou o Estado Islâmico o Estado Islâmico do Iraque conseguiu US$ 2 bilhões vendendo petróleo contrabandeado da refinaria de Beiji, no norte do Iraque, que foi palco de uma batalha feroz em julho. O Estado Islâmico, no cálculo do economista, controla cerca de 12 campos de petróleo na Síria e no Iraque, com capacidade de produzir um máximo de 150 mil barris por dia, além de refinarias. E, segundo Shatz, vende para quem quiser comprar para intermediários na Síria, Turquia, região do Curdistão no Iraque, possivelmente o Irã e até mesmo o regime de Assad. "As vendas ocorrem com grandes descontos em relação aos preços mundiais. Mesmo assim as receitas foram estimadas em US$ 1 milhão, US$ 2 milhões e até US$ 3 milhões por dia", escreveu o pesquisador.
O governo norte-americano está consciente disso. Aviões dos EUA, Arábia Saudita e Emirados Árabes bombardearam nesta semana 12 pequenas refinarias de petróleo na Síria que, segundo o governo norte-americano, produzem 300 a 500 barris por dia. Elas geravam US$ 2 milhões diários para o grupo extremista, com vendas no mercado negro.
Em agosto, o Estado Islâmico havia conquistado seis campos de petróleo no norte do Iraque. Mas no mesmo mês perderam o controle do campo de Ajeel, como resultado dos bombardeios norte-americanos e do contra-ataque das tropas curdas do Iraque conhecidas como peshmergas.
Confrontos matam 143 combatentes
Conflitos com as forças de segurança iraquianas e bombardeios da coalizão internacional mataram 143 combatentes do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ontem em várias regiões do Iraque, informou à Agência Efe uma fonte de segurança. 82 morreram em um confronto com a polícia iraquiana nas zonas de Al Tash, Al Bu Ali e Al Yassin. Na mesma região, a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos bombardeou bases dos jihadistas perto da cidade de Al Karma, a 50 quilômetros de Bagdá, provocando a morte de outros 11 combatentes. Além disso, 30 extremistas morreram em um outro ataque da coalizão na zona de Majmur. Outros 20 jihadistas morreram em uma ofensiva aérea do exército iraquiano contra duas casas utilizadas pelo EI para se reunir em Duluaiya, a 90 quilômetros de Bagdá.