O Pantanal é um lugar privilegiado. Raras paisagens deste planeta podem mostrar essa combinação exuberante de água, vegetação e animais. Mesmo quem nasceu e sempre viveu aqui se encanta.

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Cleonice de Moura, terceira geração de família pantaneira, está pessimista quanto ao futuro do Pantanal. "É igual a você ter um ente querido e ver ele em cima de uma cama, morrendo e você sem poder fazer nada."

Queimadas, exploração agropecuária desordenada, pesca predatória - essas ameaças são conhecidas. Hoje, no entanto, ambientalistas apontam para um problema novo: a construção de hidrelétricas na região.

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As usinas tiram proveito da queda natural entre o planalto central do brasil e a planície onde fica o Pantanal. Hoje já existem 37 barragens em rios que alimentam a região e estão em construção ou em estudos, mais 62 hidrelétricas. Quase todas pequenas centrais que produzem pouca energia.

O pesquisador Adriano Sorrentino, de uma entidade internacional de proteção do meio ambiente diz que as usinas alteram o regime anual de cheias e secas que é responsável pela biodiversidade do Pantanal. Ele compara os barramentos a coágulos na circulação sanguínea de uma pessoa.

O município de Barão do Melgaço já foi um dos maiores produtores de peixe de água doce do Pantanal. Os pescadores das margens do Rio Cuiabá tiravam os pintados, os pacus, que eram vendidos em vários estados do brasil. Já não é assim. Muita coisa mudou por aqui.

Os pescadores são unânimes: a construção de uma barragem rio acima provocou uma queda drástica na quantidade de peixes.

Eles não estão conseguindo mais chegar aonde eles chegavam antes e a água não tem mais as mesmas características quando eles sobem os rios. isso dificulta o processo de reprodução deles.

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As secretarias de meio ambiente de mato grosso e mato grosso do sul, responsáveis pela aprovação de quase todas as usinas da região, negam a existência de um grande impacto ambiental. E não pretendem barrar o plano de expansão das hidrelétricas.

"Nós precisamos de estudos cientificos, de algo concreto a fim de que possamos mudar procedimento, mudar os nossos roteiros e acompanhar como esta se desenvolvendo toda utilizaçao desta regiao do pantanal", diz o secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Alexander Maia.

"Até o momento, não existe nenhum estudo que indique enfim alguma coisa de alto risco, ou coisa que o valha", afirma o secretário de Meio Ambiente de Mato grossso do Sul, Carlos Alberto Said Menezes.

As usinas também são acusadas de destruir belezas naturais.

A cachoeira Sumidouro do Rio Correntes já foi a maior atração turística da cidade de Sonora. Mas a barragem Ponte de Pedra desviou 70% do volume de água para as comportas. Com apenas 30%, o lugar ainda é bonito, mas perdeu a antiga força natural que maravilhava os turistas que vinham de longe para conhecer este lugar.

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"Foi discutido na época do projeto, todos sabiam que ia perder essa beleza natural, infelizmente é o preço que temos que pagar. Você nao consegue gerar energia eletrica se não aproveitar essa queda natural que existe", diz o gerente de Meio Ambiente da usina, José Lourival Magri.

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