A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, advertiu nesta segunda-feira (10) que o risco de uma recessão global aumentou e que o mundo entrou agora em uma época de "fragilidade e volatilidade".
"Estimamos que cerca de um terço da economia mundial terá pelo menos dois trimestres consecutivos de crescimento negativo neste ano ou no próximo e que o montante total que será perdido com a desaceleração econômica global chegará a US$ 4 trilhões (o equivalente a R$ 20,75 trilhões) entre agora e 2026", disse ela.
Georgieva fez as observações em uma palestra, da qual também participou o presidente do Banco Mundial (BM), David Malpass, marcando o início das Reuniões Anuais de 2022 das duas instituições, em Washington, onde os principais líderes econômicos discutirão as perspectivas econômicas globais.
Essas são as primeiras reuniões presenciais em três anos entre as lideranças das duas instituições, lembrou Georgieva, que também disse que o hiato foi marcado por "eventos impensáveis que estão tendo grandes consequências": a pandemia, a invasão da Rússia à Ucrânia e os desastres climáticos em todos os continentes.
"Tudo isso colocou as pessoas em um lugar muito difícil. Elas estão exaustas e enfrentam uma crise de custo de vida", afirmou a chefe do FMI, ressaltando que a situação "é especialmente difícil para os países em desenvolvimento".
Por sua vez, Malpass explicou que os níveis da dívida dos países em desenvolvimento "estão se tornando cada vez mais onerosos" e que o aumento das taxas de juros aumenta a gravidade da situação, assim como as altas taxas de inflação.
Com mais 70 milhões de pessoas pobres, de acordo com a última análise do BM, e uma redução de 4% na renda média, "nosso objetivo de prosperidade compartilhada não está acontecendo" e "estão ocorrendo inversões de desenvolvimento", acrescentou ele.
Durante o encontro, segundo Georgieva, os principais líderes mundiais vão discutir o que pode ser feito para enfrentar o panorama complexo. De acordo com ela, um dos fatores mais importantes é que as políticas monetária e fiscal andem de mãos dadas.
"O enfrentamento conjunto das políticas monetárias e fiscais neste ano é absolutamente primordial", disse a diretora gerente do FMI, que advertiu que "não será bom" se as políticas monetárias "pisarem no freio" enquanto as fiscais "pisarem no acelerador".
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