Em entrevista coletiva ontem, o ministro da Saúde chileno, Jaime Mañalich, seu colega da pasta da Mineração, Laurence Golborne, e o chefe das operações de resgate, André Sougarret, explicaram detalhes e riscos da operação de resgate dos 33 mineiros isolados há 67 dias na mina San José (norte do Chile) marcada para ao longo da madrugada de quarta-feira, mas que pode ser antecipada. O ministro da Saúde informou que o estado dos 33 trabalhadores segue estável. "Não há novidades quanto à saúde deles, todos estão bem." A coletiva das três figuras principais nas operações de resgate começou algumas horas depois de ter sido feito o anúncio de que o revestimento de aço dos primeiros 90 metros do túnel pelo qual os 33 mineiros chilenos devem ser resgatados foi concluído nas primeiras horas de ontem.
Otimista, o ministro da Mineração, Laurence Golborne, disse que todos os testes com a cápsula Fênix 1 já foram finalizados, e após a descida do dispositivo até 610 metros dos 622 necessários para alcançar os mineiros foi possível determinar que não há riscos de desabamento durante a subida dos trabalhadores à superfície. Caso aconteça qualquer problema com a primeira cápsula, as equipes têm de prontidão outros dois dispositivos, a Fênix 2 e a Fênix 3.
Riscos da subida
Para Jaime Mañalich, da pasta da Saúde, a maior parte do trabalho será feita para preparar os mineiros antes da subida. O ministro da Saúde informou que os mineiros deverão começar uma dieta líquida cerca de seis horas antes do início dos trabalhos. "Será uma dieta com muitas calorias e suplementos de magnésio e fósforo".
O trio que lidera todas as operações de resgate informaram que quatro socorristas descerão para auxiliar na preparação dos mineiros. São eles: um especialista em resgate em minas, dois enfermeiros e um mineiro.
Além da sensação de claustrofobia devido ao tamanho da cápsula, as autoridades temem que os mineiros possam vir a sentir, durante a operação de subida, pânico, náuseas, embolia pulmonar, vômitos, desmaios, problemas com a mudança de temperatura, dos 30º C no interior da mina para 1º ou 2º C na superfície.
Outra preocupação é que a subida dos mineiros será feita sob condições de vibração constante, que incluem choques com as paredes de rocha viva e a decorrente produção de faíscas. O grupo só saberá quem será o primeiro da equipe de resgate a descer horas antes do início da operação, para minimizar o estresse e a tensão, indicaram os ministros.
Operação inspira atos de fé em todo o mundo
Nos dias de isolamento na mina desabada, os trabalhadores chilenos estimularam manifestações de fé dentro e fora do refúgio. Houve missas na superfície, missas dentro da mina, imagens de santos por todos os lados, além de mensagens de fé enviadas de todo o mundo via internet.
O mais alto representante da Igreja Católica, o pontífice Bento XVI, fez orações pedindo a salvação dos 33 mineiros 32 chilenos e um boliviano presos por mais de dois meses a mais de 600 metros de profundidade.
"Não me esqueço dos mineiros da região do Atacama e seus entes queridos, por quem rezo fervorosamente", disse o Papa, ao receber o novo embaixador do Chile no Vaticano, Fernando Zegers Santa Cruz, 78, na última quinta-feira.
Em discurso feito em espanhol, o Papa ressaltou que o Chile "ainda que esteja distante geograficamente daqui, levo-o dentro do meu coração".
Na última sexta-feira, o Papa ganhou uma bandeira do Chile assinada pelos mineiros, confirmou a embaixada chilena no Vaticano. Foi um agradecimento, pelos 33 rosários benzidos que Bento XVI enviou aos mineiros no começo de setembro.
Em 2 setembro, mesmo dia em que os mineiros receberam os rosários abençoados, o arcebispo de Santiago, o cardeal Francisco Javier Errázuriz, celebrou uma missa em pleno deserto do Atacama para os familiares e amigos dos mineiros.
No mesmo dia, a mina recebeu a visita do padre irlandês Donald OKeeffe junto com sua congregação, os Legionários de Cristo, trazendo 33 retábulos da Virgem de Guadalupe um para cada família dos mineiros presos.