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Crise na Bolívia

Rixa política e crise econômica: o cenário crítico do governo socialista de Arce

Bolivianos vão às ruas de Santa Cruz (Bolívia) contra a crise econômica (Foto: EFE/Juan Carlos Torrejón)

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Luis Arce, presidente da Bolívia, enfrentou nesta quarta-feira (26) uma suposta tentativa de golpe comandada por um grupo de militares, ação que posteriormente foi apontada como um "autogolpe" do mandatário para elevar sua popularidade.

A mobilização militar, que alguns analistas descreveram como uma "jogada ensaiada", ocorre em um momento crítico para o país sul-americano, marcado por uma crise econômica, escassez de combustível e dólares, além de uma série de disputas políticas entre antigos aliados, Arce e o ex-presidente Evo Morales, ambos de esquerda.

Neste mês, um grupo de comerciantes se reuniu em uma manifestação reclamando da falta de recursos no país, problema que, segundo eles, não está recebendo a devida atenção do governo federal.

"Exigimos que o governo dê uma solução definitiva para a crise econômica que vivemos devido à falta de dólares e de combustível”, disse o principal dirigente do setor mercantil da Bolívia, César González, em entrevistas a jornais locais.

Desde o início do ano passado, a Bolívia está imersa em uma grave crise no setor econômico, que foi agravada pela falta de dólares que circulam no país e pela redução drástica das reservas internacionais.

Segundo dados do Banco Central, levando como referência o mês de abril, a quantidade de dólares chegou a 1.796 milhões, pouco mais do que os 1.709 milhões existentes no final do ano passado.

Diante do cenário, o governo de Luis Arce tomou algumas decisões para tentar conter o avanço da crise, como a venda direta de dólares por meio do Banco Central boliviano, liberou as exportações e incentivos para reduzir os gastos com a importação de combustíveis, tentou acordo com empresários, mas nenhuma das iniciativas teve êxito.

Pelo contrário, as ações apenas afundaram ainda mais o país: o acesso a combustíveis ficou ainda mais escasso, o mesmo ocorreu com outros produtos básicos de consumo, devido à falta de dinheiro para pagar fornecedores, por exemplo, de fertilizantes, setor essencial para a produção interna.

Com a piora da crise, o governo Arce ainda ordenou operações de controle na fronteira, a fim de evitar o contrabando em algumas cidades próximas da Argentina.

Tentando se esquivar dos protestos contra sua gestão, o presidente boliviano realizou um evento com sindicalizados, alegando que o aumento de preços é um ato organizado pelo "sistema capitalista”.

Em meio à catastrófica situação do país, Arce ainda enfrenta uma forte disputa política com o antigo aliado e ex-presidente Evo Morales, que busca se reeleger ao cargo nas eleições do próximo ano.

Em março, Morales desafiou o presidente Luis Arce, ambos do Movimento ao Socialismo (MAS), a submeter-se a eleições primárias fechadas para que seja definido o candidato do partido às eleições presidenciais de 2025, no meio de tensões crescentes entre os lados.

Em entrevista à Agência EFE, naquela ocasião, Evo Morales afirmou que haveria uma "convulsão social” na Bolívia se ele fosse desqualificado para as eleições do próximo ano.

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