Explorando Marte desde 2004, o veículo-robô Opportunity, da Nasa, encontrou um brilhante veio de um mineral depositado por água na superfície do planeta vermelho. O achado, apresentado durante reunião esta semana da União Americana de Geofísica, é visto como uma prova inequívoca de que Marte já teve um ambiente mais hospitaleiro para a vida.
O veio encontrado pelo Opportunity tem cerca de 2 centímetros de largura, 50 centímetros de comprimento e forma uma leve protuberância no leito de pedras dos dois lados dele. Apesar de já ter percorrido mais de 34 quilômetros sobre a superfície rochosa de Marte, esta foi a primeira vez que o veículo-robô cruzou com uma formação do tipo.
"Isso conta uma história incontestável de que água fluiu de fraturas subterrâneas nas rochas", disse Steve Squyres, da Universidade de Cornell e principal cientista da missão Opportunity. "Essa coisa é um depósito químico puro que se formou exatamente onde a vemos. Isso não pode ser dito de outra gipsita vista em Marte e outros minerais relacionados com a água que o Opportuniy já encontrou. Não é um mineral incomum na Terra, mas em Marte é algo que faz os geólogos pularem de suas cadeiras."
No mês passado, os pesquisadores usaram os instrumentos do veículo-robô para examinar o veio. O espectrômetro do Opportunity identificou que ele era rico em cálcio e enxofre, numa proporção indicando ser sulfato de cálcio relativamente puro. O sulfato de cálcio pode existir de diversas formas dependendo da quantidade de água presa na estrutura cristalina do mineral e os dados sugerem que o veio seja de gipsita, usada na Terra para fazer gesso e giz.
Uma duna de gipsita soprada pelo vento já foi observada por sondas em órbita no Hemisfério Norte marciano, mas a fonte do mineral desta formação permanece um mistério.
Segundo os cientistas, o depósito de gipsita provavelmente foi formado pela dissolução do cálcio de rochas vulcânicas pela água. A alta concentração de sulfato de cálcio no mineral indica que ele foi produzido em condições mais neutras do que o ambiente ácido visto em outras formações minerais associadas à água estudadas pelo Opportunity.
"Ele deve ter se formado em um ambiente aquático diferente, um mais hospitaleiro para uma variedade maior de organismos vivos", destacou Benton Clark, do Instituto de Ciências Espacias de Boulder, no Colorado.
O Opportunity e seu gêmeo, o veículo-robô Spirit, completaram sua missão primária de três meses em Marte em abril de 2004, mas continuaram a funcionar muito além do previsto, fazendo importantes descobertas sobre o passado úmido do planeta que pode ter sido favorável ao desenvolvimento da vida. O Opportunity continua suas explorações até hoje e se dirige para um ponto na borda da cratera Endeavour, na região do Meridiani Planum, pouco ao Sul do equador do planeta vermelho, onde deverá "descansar" no inverno marciano. Já o Spirit parou de funcionar no ano passado.
Enquanto isso, o Curiosity, mais novo, maior e completo veículo-robô da Nasa para a exploração de Marte, segue em rota para o planeta. Lançado no último dia 25 de novembro, ele já está a mais de 30 milhões de quilômetros da Terra em uma viagem de quase 570 milhões de quilômetros prevista para terminar em agosto de 2012.
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