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Robôs desenvolvidos pela Nasa para ajudar em missões na Terra e no espaço. Missão tripulada a Marte  poderá contar com este apoio | RJC/KR/NASA
Robôs desenvolvidos pela Nasa para ajudar em missões na Terra e no espaço. Missão tripulada a Marte poderá contar com este apoio| Foto: RJC/KR/NASA

Se o cientista Emmett Brown, da célebre série de filmes “De Volta para o Futuro”, partisse para uma nova aventura pelo tempo em busca de um mundo diferente, poderia apontar os ponteiros de sua máquina para 2030.

Em uma curiosa coincidência, ONU, Nasa (a agência espacial norte-americana), órgãos de inteligência e cientistas do ramo da tecnologia convergiram ousadas previsões para um futuro bem próximo, de apenas 15 anos, mas capazes de transformar substancialmente o mundo que conhecemos.

De homens-robôs a colônias de terráqueos em Marte. Conheça este possível futuro que está tão próximo, mas ainda sim é quase inimaginável:

O homem pousa em Marte

O Planeta Vermelho não está mais tão longe. Caso a Nasa concretize seu plano, em 2030 poderemos assistir a uma cena que fará frente à chegada do homem a Lua (em 1969). Este é o ano marcado para que as primeiras missões tripuladas visitem Marte, um planeta que até hoje só foi inspecionado por sondas.

Ao contrário do ocorrido na missão Apollo, no entanto, o homem chegará ao planeta para ficar. Segundo a agência espacial norte-americana, o plano é que os terráqueos pisem em solo marciano para viver e trabalhar. Ou seja, para que de fato formem uma colônia. “Qualquer viagem a Marte levará muitos meses e um retorno antecipado não é opção. Viver e trabalhar no espaço requer risco, e o risco vale a pena”, diz o relatório “Jornada para Marte”, que descreve o projeto.

Os planos da Nasa envolvem uma conquista gradual. No primeiro momento, astronautas viajarão pela órbita lunar; no passo seguinte, a nave será enviada ao Planeta Vermelho e só após explorar sua órbita pousará.

Hoje, além das análises das condições marcianas, a agência estuda quais seriam os efeitos da permanência prolongada no espaço na saúde física e psicológica dos exploradores. Uma das fontes destes estudos são os cientistas que permanecem na Estação Espacial Internacional, uma laboratório espacial na órbita da Terra. Outra avaliação é mais curiosa: a Nasa manteve seis pessoas em uma estrutura com cerca de 100 metros quadrados no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí, por oito meses.

Cérebros conectados à internet

Para o diretor de engenharia do Google, Ray Kurzweil, o futuro será de humanos híbridos: parte homens, parte máquinas. E o prazo para isso: 2030. O prenuncio foi feito durante a conferência de Finanças Exponenciais realizada em Nova York em junho deste ano.

Na ocasião, o executivo disse que a chave para isso está nos chamados nanobots de DNA – a grosso modo, robôs tão pequenos que podem interagir com estruturas de DNA. “Vamos nos misturar gradualmente para nos tornarmos melhores. Na minha visão, essa é a natureza do ser humano, nós transcendemos nossas limitações. Vamos conseguir isso e pensaremos na nuvem. Vamos colocar gateways [ligação] para a nuvem nos nossos cérebros”, declarou o diretor.

A afirmação de Kurzweil soa ousada, em parte pelo fato de a nanorrobótica ainda ser um assunto nebuloso para não entendidos. Mas ele tem credenciais para apostar. Em 2003, o diretor afirmou acertadamente que as pessoas usariam prioritariamente computadores portáteis e que existiriam telas de computadores em armações de óculos (como o Google Glass) em poucos anos.

Uma mini “era do gelo” pelo caminho

BS/yj/BRENT SMITH

Não só avanços estão pelo caminho, mas alguns percalços. E o planeta precisará sobreviver a uma pequena Era Glacial, segundo cientistas do Reino Unido. A constatação leva em conta um novo modelo de previsão da atividade solar apresentado em julho no Encontro Nacional da Real Sociedade de Astronomia em Llandudno, no País de Gales.

A pesquisa apresentada pela professora da Universidade de Northumbria Valentina Zharkova indica uma forte queda na atividade solar nos anos 2030, provocando um moderado resfriamento da Terra.

As condições previstas pelo novo modelo não são experimentadas pela Terra desde a última “mini Era Glacial”, registrada entre 1645 e 1715 e que ganhou o apelido de Mínimo de Maunder, um período em que as temperaturas ficaram abaixo da média em toda a Europa. Na época, os países europeus sofreram com invernos muito rigorosos. O Rio Tâmisa, na Inglaterra, por exemplo, permaneceu congelado por várias semanas.

Segundo levantamento dos cientistas, a atividade solar pode cair 60% neste período, mas os cientistas não apontaram os possíveis desdobramentos disto em nível global.

O método proposto pela professora britânica estuda a movimentação dos fluidos solares e sua radiação. Ela analisou dados de 1976 a 2008 -- além de levar em conta a duração dos ciclos solares (cerca de 11 anos) -- para descobrir um padrão e conseguir prever os períodos de maior e menor atividade do astro. Os resultados apontam que a incidência será menor até meados de 2040.

Um mundo sem pobreza

Se depender da promessa do secretário geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, finalmente o mundo estará livre da pobreza extrema. O anúncio foi feito no início deste mês e está incluso em um pacote de metas da ONU, assinado pelos países membros, para os próximos 15 anos.

O desafio é gigantesco. Estima-se que quase um bilhão de pessoas vivam atualmente em condições de extrema pobreza -- renda de menos de US$ 1 por dia por pessoa, segundo os parâmetros do Banco Mundial. Destes, 800 milhões de pessoas passam fome.

Segundo o secretário-geral da ONU, em conversa com uma comunidade pobre da Bolívia, “até 2020 teremos conquistado parte desta igualdade, todas as crianças terão acesso à educação de qualidade, terão um maior bem-estar e uma maior saúde para todos”.

Novos ares para o planeta

GD/gk/DENIS SINYAKOV

Reverter os quadros de mudança climática em tão pouco tempo pode ser impraticável. Mas, a qualidade do ar certamente será bem melhor caso se cumpram promessas anunciadas por grandes países poluidores.

Na mais recente assembleia-geral da ONU, entre setembro e outubro, o Brasil disse estar disposto a reduzir 43% das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030. A presidente Dilma Rousseff apontou também que o país está preparado para restaurar 12 milhões de hectares de florestas e garantir 45% de fontes renováveis no total da matriz energética – uma meta tidas como das mais ambiciosas.

A Índia, a terceira maior emissora de gás carbônico do planeta, já havia afirmado estar disposta a reduzir as emissões em pelo menos 35% até 2030. O anúncio foi do ministro do Meio Ambiente, Prakash Javadekar. “É um grande salto para a Índia, é um objetivo muito ambicioso”, afirmou o ministro. A Índia se compromete também a gerar 40% de sua eletricidade a partir de energias renováveis.

De acordo com um relatório da Agência Internacional das Energias Renováveis (Irena), as energias verdes (eólica, solar, hidroelétrica, biomassa, etc), que em 2013 cobriam 5% das necessidades energéticas de África, podem atingir 22% até 2030.

Os países membros da União Europeia (UE) também já anunciaram sua principal meta: a redução de 40% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 em relação ao nível de 1990.

Todos estes compromissos serão assumidos oficialmente em dezembro deste ano, quando vários países se reunirão para a Conferência de Paris sobre mudança climática.

Os “donos do mundo”

Um mundo sem a hegemonia norte-americana. É o que projeta para 2030 um relatório conjunto de agências de inteligência dos Estados Unidos. O documento, de 2012, aponta que países com influência regional, como Índia, Nigéria e Turquia, se tornarão mais importantes em um cenário global.

A China, que ultrapassará os EUA economicamente, segundo a análise, terá um papel fundamental.

Para os pesquisadores, fatores como PIB, população, poder bélico e investimento tecnológico farão o poder migrar das mãos do Ocidente para o Oriente. Apesar disso, o relatório não cita uma perda de influência norte-americana no mundo, mas, sim, uma divisão entre mais vozes.

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