O senador boliviano Roger Pinto Molina, que saiu de seu país há dez dias sem autorização do governo de Evo Morales e tinha aceitado falar ontem em duas comissões do Congresso, desistiu de comparecer às audiências.
Em seu lugar, se apresentou seu advogado, Fernando Tibúrcio, que entregou às comissões parlamentares uma breve nota, na qual se desculpa pela ausência de seu cliente e afirma que nos "próximos dias" os dois explicarão os motivos da ausência em entrevista coletiva.
O senador, que se diz perseguido pelo governo boliviano, estava asilado na Embaixada do Brasil em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012. Ele foi trazido ao país por diplomatas brasileiros depois de passar 453 dias confinado na Embaixada do Brasil na Bolívia aguardando, sem sucesso, um salvo conduto pelo governo da Bolívia.
O encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia, decidiu trazer Molina ao Brasil por conta própria. O episódio gerou constrangimento com o governo boliviano e levou à queda do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
Defesa
Opositor do presidente da Bolívia, Evo Morales, o deputado boliviano Adrian Oliveira defendeu a permanência de Molina no Brasil. Em visita ao Senado brasileiro, Oliveira disse que as acusações contra Molina são políticas e que o governo do Brasil deve concluir os "trâmites" para a concessão definitiva do seu asilo.
"As acusações e denúncias contra o senador Molina são infundadas. Em 15 meses de asilo na Embaixada do Brasil, qualquer advogado poderia demonstrar uma verdade contra o senador se ela existisse", afirmou.
Oliveira disse que Molina foi condenado pelo Judiciário do país enquanto estava asilado na Embaixada do Brasil, o que demonstra a "influência política" do governo Evo Morales sobre as decisões judiciais. O deputado afirmou que Molina é inocente da condenação de corrupção e conivência com o narcotráfico, tomada pela Justiça da Bolívia. Segundo o parlamentar, as denúncias foram "plantadas" contra Molina por ele ser líder da oposição no país.
O deputado boliviano negou que Molina pretenda pedir asilo a outro país depois que o episódio de sua chegada ao Brasil provocou a demissão do ministro Antônio Patriota (Relações Exteriores) e uma dura reação da presidente Dilma Rousseff. "A presidente em nenhum momento se referiu à revogação do seu asilo. Ele está esperando que as instituições do Brasil concedam os trâmites do asilo."
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