Senador Roger Molina em frente à residência de seu advogado, em foto tirada no dia 26 de agosto| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O senador boliviano Roger Pinto Molina, que saiu de seu país há dez dias sem autorização do governo de Evo Morales e tinha aceitado falar ontem em duas comissões do Congresso, desistiu de comparecer às audiências.

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Em seu lugar, se apresentou seu advogado, Fernando Tibúrcio, que entregou às comissões parlamentares uma breve nota, na qual se desculpa pela ausência de seu cliente e afirma que nos "próximos dias" os dois explicarão os motivos da ausência em entrevista coletiva.

O senador, que se diz perseguido pelo governo boliviano, estava asilado na Em­baixada do Brasil em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012. Ele foi trazido ao ­país por diplomatas brasileiros depois de passar 453 dias confinado na Embaixada do Brasil na Bolívia aguardando, sem sucesso, um salvo conduto pelo governo da Bolívia.

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O encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia, decidiu trazer Molina ao Brasil por conta própria. O episódio gerou constrangi­mento com o governo boli­viano e levou à queda do mi­nistro das Relações Exte­riores, Antonio Patriota.

Defesa

Opositor do presidente da Bolívia, Evo Morales, o deputado boliviano Adrian Oliveira defendeu a permanência de Molina no Brasil. Em visita ao Senado brasileiro, Oliveira disse que as acusações contra Molina são políticas e que o governo do Brasil deve concluir os "trâmites" para a concessão definitiva do seu asilo.

"As acusações e denúncias contra o senador Molina são infundadas. Em 15 meses de asilo na Embaixada do Brasil, qualquer advogado poderia demonstrar uma verdade contra o senador se ela existisse", afirmou.

Oliveira disse que Molina foi condenado pelo Judiciário do país enquanto estava asilado na Embaixada do Brasil, o que demonstra a "influência política" do governo Evo Morales sobre as decisões judiciais. O deputado afirmou que Molina é inocente da condenação de corrupção e conivência com o narcotráfico, tomada pela Justiça da Bolívia. Segundo o parlamentar, as denúncias foram "plantadas" contra Molina por ele ser líder da oposição no país.

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O deputado boliviano negou que Molina pretenda pedir asilo a outro país depois que o episódio de sua chegada ao Brasil provocou a demissão do ministro Antônio Patriota (Relações Exteriores) e uma dura reação da presidente Dilma Rousseff. "A presidente em nenhum momento se referiu à revogação do seu asilo. Ele está esperando que as instituições do Brasil concedam os trâmites do asilo."