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EUA, Eleições 2012

Romney sob fogo cerrado

Mitt Romney fala a funcionários de uma empresa de seguros no estado de Iowa: ataques a Obama para garantir indicação republicana | Mark Kegans/AFP
Mitt Romney fala a funcionários de uma empresa de seguros no estado de Iowa: ataques a Obama para garantir indicação republicana (Foto: Mark Kegans/AFP)

Desde o início da disputa entre os pré-candidatos republicanos à Presidência dos EUA, os democratas apostam no ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, 64 anos, como o provável adversário de Barack Obama em 2012. Não por acaso, o Partido Democrata lhe dedicou um "site" exclusivo (www.whichmitt.com) para explorar suas fraquezas e contradições.

As últimas pesquisas atestam as preocupações da Casa Branca: Romney lidera a corrida republicana, seguido por Newt Gingrich, mas aparece atrás no embate com Obama. Sua estabilidade nas sondagens – sem fortes oscilações, nunca ultrapassou os 25% –, é definida como positiva ou negativa, dependendo de quem a vê. A cinco semanas da primeira eleição primária, e favorito no momento para alcançar a indicação do partido, Romney passou a ser alvo de seus concorrentes. É criticado por ter aprovado, em Massachusetts, uma reforma da Saúde com traços do sistema implementado por Obama – execrado pelos republicanos –, e por adotar contornos conservadores dúbios e oportunistas.

"Eu sinto muito forte a necessidade de respeitar e tolerar pessoas de meio social ou de orientação sexual diferentes. Mas, ao mesmo tempo, acredito que o casamento deveria ser preservado como uma instituição para um homem e uma mulher", disse certa vez.

Perfil

Nascido no Michigan, casado e pai de cinco filhos, Romney conheceu sua mulher, Ann, dois anos mais jovem do que ele, nos bancos escolares. Membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (nome oficial da igreja mórmon), doutrina vista com mistério e desconfiança por grande parte dos norte-americanos, o jovem republicano costumava usar os encontros religiosos para abominar o divórcio e o sexo antes do casamento.

Numa recente entrevista na tevê, a também pré-candidata republicana Michele Bachmann, questionada sobre que palavra associaria ao seu maior rival, respondeu com topete irônico: "o cabelo". Responsável pelo escorreito penteado de Romney, o imigrante italiano Leon de Magistris disse ao New York Times que tentou convencer seu cliente de mais de duas décadas a abrandar o meticuloso corte e deixá-lo um pouco desgrenhado e natural, mas sem sucesso: "Ele quer uma aparência muito controlada. É um homem muito controlado".

O cabelo acompanha o homem. No debate de Michigan, no dia 9, o pré-candidato procurou reforçar a imagem de um político de comportamento equilibrado: "Penso que as pessoas compreendem que sou um homem de serenidade e constância".

Analistas assinalam que, após a vitória democrata em 2008, além de deflagrar uma campanha contra o presidente eleito, os conservadores passaram a atacar seu próprio Partido Republicano por ter possibilitado a ascensão de Obama pela renúncia aos seus princípios mais à direita.

O resultado foi uma rejeição ao establishment partidário e a candidatos considerados demasiado convencionais e modelados a uma fôrma republicana incapaz de seduzir uma base ansiosa por doses maiores de ousadia e combatividade conservadora. O comportado Romney, neste quesito, teria pontos a perder com o eleitorado republicano mais radical.

Enquanto se mantém no topo das pesquisas, optou por concentrar sua artilharia no presidente em exercício. Para contra-atacar as recentes conquistas do governo em política externa (as mortes do terrorista Osama bin Laden, do ditador líbio Muamar Kadafi ou a retirada das tropas do Iraque), elegeu a ameaça de Teerã: "Se reelegermos Barack Obama, o Irã terá a arma nuclear. Se elegermos Mitt Romney, eles não terão a arma nuclear", disse, ao falar de si mesmo na terceira pessoa no último debate republicano. O estável Romney não empolga, mas também não despenca. E apesar das turbulências de campanha, seu cabelo permanece irretocável.

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