O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, reuniu-se com líderes políticos nesta terça-feira, antes de convocar Romano Prodi para formar o próximo governo do país. A formação do novo gabinete pode encerrar um período de incerteza política iniciado há um mês, quando a centro-esquerda venceu as eleições gerais por uma pequena margem de votos.
Giorgio Napolitano deve apresentar o nome de Prodi como o novo primeiro-ministro da Itália na noite desta terça-feira, após realizar consultas com ex-presidentes e com chefes de partido, entre os quais o atual ocupante do cargo, Silvio Berlusconi. O premier disse ainda ter esperanças de reverter a sua derrota nas urnas.
Berlusconi afirmou ter dito ao chefe de Estado que havia "reconhecido o resultado das eleições", mas insistiu na realização de uma investigação parlamentar sobre os votos depositados pelos italianos que moram fora do país e dos votos considerados inválidos.
- Como os senhores sabem, houve muitas irregularidades, muitas anomalias que desejamos esclarecer - disse Berlusconi a repórteres, após se reunir com Napolitano.
Ao insistir em questionar o resultado das urnas, Berlusconi fecha as portas a qualquer tipo de cooperação com o novo governo, o que significa que Prodi terá de depender da lealdade de sua coalizão para aprovar projetos de lei e evitar o colapso do governo.
A primeira passagem dele pelo poder terminou prematuramente, em 1998, quando o partido Refundação Comunista resolveu abandoná-lo. Esse risco continua a existir, especialmente porque o político de centro-esquerda possui uma vantagem de apenas duas cadeiras no Senado.
Prodi ainda negocia a formação de seu gabinete, em meio a desavenças entre os partidos da coalizão, que vão desde cristãos democratas de centro a comunistas.
- Estarei pronto - declarou o futuro premier, reconhecendo que ainda enfrentava problemas.
Alguns ministérios, entre os quais os do Interior, de Defesa e da Justiça, continuavam sem um titular definido.
A chegada de Prodi ao poder foi adiada, primeiro, pela recontagem de votos polêmicos depois da eleição mais disputada da História italiana desde 1945 e, segundo, pela necessidade de escolher um novo chefe de Estado, já que o mandato do ex-presidente terminou pouco depois do pleito geral.
Uma vez anunciado o gabinete de governo de Prodi, o dirigente ainda precisa conseguir um voto de confiança no Senado, provavelmente até sexta-feira, e outro voto na Câmara dos Deputados, provavelmente na próxima semana, antes de dar início a seu mandato.
Tommaso Padoa-Schioppa, ex-membro da diretoria do Banco Central Europeu, parece ser o escolhido de Prodi para comandar o Ministério da Economia e enfrentar o desafio de reavivar a economia e combater o excessivo déficit público do país.
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