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As imagens de milhares de pacotes roubados de trens e descartados em uma ferrovia na região de Los Angeles criaram um cenário que para muitos seria inimaginável em um dos estados mais ricos dos Estados Unidos.
Equipamentos médicos, itens de luxo, eletrônicos, desenhos de crianças e outros diversos itens estão espalhados pelos trilhos de trem de uma ferrovia ao leste de Los Angeles, que nos últimos três meses teve que ser limpa diversas vezes pela Union Pacific (UP), companhia que opera as linhas ferroviárias nesse trecho.
Houve uma explosão de roubos a trens de carga no último ano na região. De acordo com a Union Pacific, os assaltos aumentaram em 356% entre outubro de 2020 e outubro do ano passado.
Os bandidos têm roubado os pacotes diretamente dos trens em movimento ou parados. Lupe Valdez, porta-voz da empresa, disse ao canal local CBSLA que em média 90 contêineres são afetados diariamente.
"Eu estou com a Union Pacific há 16 anos, e nunca vi a situação chegar a esse nível", afirmou Valdez.
A empresa possui força policial própria e aumentou o patrulhamento, até mesmo com o uso de drones, para tentar conter os roubos. Mas o problema se agravou tanto que agora eles planejam desviar as rotas para que os trens não passem mais pelo Condado de Los Angeles.
Os agentes da UP têm prendido os criminosos, mas quando eles são entregues às autoridades do município e do condado para serem processados, acabam sendo soltos.
"Estamos fazendo prisões. Mas o que nossos agentes estão vendo é que as pessoas simplesmente são presas, não há fiança, elas saem no dia seguinte e voltam a roubar nossos trens", disse a porta-voz.
Em carta ao procurador distrital de Los Angeles, a Union Pacific falou sobre a crise que está saindo do controle.
"Mesmo com todas as prisões que foram feitas, a política de fiança sem pagamento e o prazo estendido para que os suspeitos compareçam ao tribunal estão causando a revitimização da UP por esses mesmos criminosos", diz a carta.
Até dezembro, os prejuízos da empresa somavam pelo menos US$ 5 milhões, e os danos sofridos nos feriados do fim de ano e em janeiro ainda não foram calculados, de acordo com a CBSLA.