O presidente do Irã, Hassan Rouhani, disse que os problemas econômicos do país vão bem além das sanções internacionais, e atribuiu a "estagflação sem paralelo" aos gastos feita por seu antecessor, o linha-dura Mahmoud Ahmadinejad.
O governo de Ahmadinejad, que durou de 2005 a agosto deste ano, foi marcado por um crescimento sem precedentes na arrecadação petrolífera, por causa da alta no preço do produto. Mas analistas dizem que o ex-presidente desperdiçou os recursos com subsídios que injetaram dinheiro na economia e provocaram inflação.
Ahmadinejad também se contrapôs ao Ocidente por causa das ameaças a Israel, das suas declarações minimizando o Holocausto e, acima de tudo, por sua recusa em restringir o programa nuclear iraniano.
Os EUA e aliados há anos acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, algo que Teerã sempre negou. Refletindo a postura mais moderada de Rouhani, no fim de semana a República Islâmica e seis potências mundiais chegaram a um acordo que restringe as atividades atômicas do país, em troca de um alívio nas sanções internacionais ao Irã.
Referindo-se ao ano persa, que terminou em março, Rouhani disse que "a estagflação em 1391 não teve paralelos". De acordo com ele, a economia encolheu 6% no período, e a inflação superou 40%.
"Esses fatos mostram as condições que herdamos do governo anterior e em quais condições precisamos lidar com os problemas", disse Rouhani.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia do Irã vai encolher 1,5% este ano em termos ajustados pela inflação, depois de uma contração estimada em 1,9% no ano passado, que foi a maior desde 1988, quando acabou a guerra de oito anos entre Irã e Iraque.
Apesar de ter recebido US$ 600 bilhões em receitas de petróleo ao longo dos últimos oito anos, Rouhani disse que o legado de dois mandatos de Ahmadinejad é uma dívida em torno de US$ 67 bilhões.
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