Esquenta campanha para eleições presidenciais na França
Cartazes dos candidatos à Presidência francesa foram fixados nos painéis dispostos em frente aos 85 mil colégios eleitorais de todo o país.
A socialista Ségolène Royal e o centrista François Bayrou brigam pelo "voto útil" contra o conservador Nicolas Sarkozy, que fez hoje uma visita simbólica ao túmulo do fundador da V República, Charles de Gaulle, quando faltam seis dias para o primeiro turno das eleições presidenciais francesas.
Bayrou afirmou ser o candidato que pode vencer Sarkozy e separar um projeto de sociedade que não é o que muitos querem para a França. O candidato também atacou o projeto do todo-poderoso Estado de Royal e a sociedade dura e dividida de Sarkozy.
Terceiro colocado nas pesquisas - atrás de Sarkozy, que lidera, e de Royal - Bayrou afirmou que todas as pesquisas, "publicadas ou não", dizem que ele venceria o candidato conservador caso o segundo turno fosse disputado entre os dois.
O candidato do partido União pela Democracia Francesa (UDF), que exclui a possibilidade de uma aliança com Royal antes de domingo, encontrou no apelo de duas personalidades do Partido Socialista (PS) incentivo para sua idéia de um Governo de união nacional.
Ségolène Royal descarta uma aliança com a UDF antes do primeiro turno das eleições. O ex-primeiro-ministro socialista Lionel Jospin também rejeita o pacto, alegando que não é "nem oportuno nem pertinente".
O objetivo de Royal é mobilizar os eleitores para chegar ao segundo turno, no qual empataria com Sarkozy, segundo uma pesquisa divulgada esta noite pelo instituto CSA.
É a primeira vez, em quase um mês, que a socialista consegue se igualar a Sarkozy, candidato da União por um Movimento Popular (UMP), nas intenções de voto.
Para o primeiro turno, Sarkozy tem 27%, seguido de Royal com 25%. Bayrou caiu dois pontos e tem 19%, enquanto o ultradireitista Jean-Marie Le Pen subiu meio ponto, chegando a 15,5%.
A França precisa de "uma alternância de magnitude tão grande" como em maio de 1981, quando François Mitterrand - primeiro e único presidente socialista da V República - foi eleito, afirmou Royal durante um comício em Nantes.
"Apenas as idéias de esquerda e de progresso - nas quais os valores humanos vão se impor aos valores das bolsas de valores e financeiros - permitirão à França voltar a se erguer", disse a primeira mulher com possibilidades de alcançar o Palácio do Eliseu.
Embora tenha reconhecido que a batalha é "difícil", ela se mostrou "confiante" em meio aos apelos para que os simpatizantes da esquerda radical votem nela. Royal argumenta que só assim é possível evitar que domingo seja "outro 21 de abril" (2002), quando o candidato socialista, Jospin, foi eliminado no primeiro turno pelo ultradireitista Le Pen.
O líder do PS e companheiro de Royal, François Hollande, afirmou que há "condições objetivas" para que o voto de extrema direita tenha "níveis elevados", e insistiu em Royal para encarnar "o voto útil".
"É um voto útil não só para a esquerda, para o PS", mas também "pela França", declarou Hollande.
Uma pesquisa do instituto LH2 divulgada hoje mostra que para 61% dos entrevistados (77% simpatizantes da esquerda e 56% da direita) a ausência da esquerda no segundo turno das eleições presidenciais seria um "acontecimento grave para a democracia". Para 31%, o fato não teria importância.
Ainda de acordo com a enquete, 78% e 70% dos entrevistados afirmam que a presença do ultradireitista Le Pen no segundo turno seria ruim para a imagem da França no mundo e para a democracia, respectivamente.
Apesar de as propostas sócio-econômicas de Royal gozarem de amplo apoio, apenas 46% dos entrevistados acham que a candidata conduziu bem sua campanha, contra 47% para Le Pen, 65% para Sarkozy e 76% para Bayrou.