A casa onde o brasileiro Osmar Pereira, de 58 anos, foi torturado e colocado em cativeiro por sequestradores nigerianos, em Johannesburgo, fica a apenas 15 minutos do estádio Ellis Park. Segundo comerciantes da região de Kensington, a avenida Kitchener é ponto de venda de drogas ao ar livre, a qualquer hora do dia.

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Osmar foi libertado pela polícia sul-africana na madrugada desta quinta-feira (27), após ter ficado preso na casa por dois dias.

O brasileiro foi vítima de um golpe, chamado de "419scam" no país: pensando estar negociando com empresários de Johannesburgo, Osmar desembarcou no aeroporto internacional OR Tambo e foi sequestrado por nigerianos, que o torturaram com ferro de passar roupas. Os seis bandidos foram presos.

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De dia, a vizinhança do cativeiro não parece uma área perigosa. Mas à noite, segundo comerciantes ouvidos, criminosos andam tranquilamente pela rua, sem serem parados pela polícia. O dono de uma loja bem em frente à casa onde o brasileiro ficou disse que é normal ver pessoas vendendo drogas, mesmo à luz do dia, em sua calçada.

"A polícia não faz nada. Eu estou cansado de ver traficantes aqui, eles vendem na minha porta", disse o comerciante, que pediu para não ser identificado.

Na porta da casa usada como cativeiro, algumas mulheres ganham a vida cortando cabelo. Perguntadas sobre a prisão dos nigerianos, elas não quiseram responder. Apenas falaram que souberam que a polícia esteve no local um dia antes, mas não sabiam do que se tratava.

O dono da loja em frente afirmou que a casa é de um indiano, que morou na residência por muitos anos e atualmente vive em Durban. O imóvel foi alugado, mas o comerciante disse que nunca viu os moradores andando pela avenida Kitchener.

A presença de nigerianos na região é considerada pelos antigos moradores como o principal problema para o aumento da criminalidade. Segundo Roger, que mora há mais de 50 anos em Kensington, o local já foi um dos melhores de Johannesburgo.

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"Isso aqui era o paraíso. Nos anos 60, há muito tempo. Hoje, temos muito problemas. Infelizmente" lamentou.

O sequestro do brasileiro ganhou bastante repercussão na imprensa sul-africana. Um canal de televisão chegou a filmar a operação policial que libertou Osmar e vários jornalistas foram à rua na quarta-feira. Nesta quinta, a história estava na primeira página do jornal "The Star", um dos principais de Johannesburgo, e também em postes espalhados pela cidade.