O sumiço do presidente venezuelano, Hugo Chávez, dos holofotes, a criação de um comitê consultivo formal e vazamentos na mídia de informações médicas estão alimentando a especulação de um retrocesso em sua batalha de quase um ano contra o câncer. Com a eleição presidencial marcada para 7 de outubro no país, governado por Chávez desde 1999, os venezuelanos estão obsessivamente focados na sua condição e preocupados com as consequências de uma possível disputa pela sucessão. Se os rumores forem verdade - e eles são ferozmente negados por funcionários do governo - o fim da era Chávez abalaria a Venezuela e teria grandes repercussões em toda a América Latina, onde os aliados de esquerda, como Cuba, dependem de sua generosidade alimentada pelo petróleo. Passando a maior parte das últimas seis semanas em Havana para o tratamento de radioterapia, Chávez só foi visto uma vez ao vivo em público desde meados de abril -- e encerrou a breve declaração na segunda-feira engasgando nas palavras e com lágrimas nos olhos. "Estes não são dias fáceis, mas nós somos guerreiros", disse ele. Essa imagem ficou presa na mente dos venezuelanos, lembrando uma missa no mês passado em que Chávez chorou e pediu a Deus para poupar sua vida. Aumentando ainda mais os rumores, Chávez criou nesta semana um novo Conselho de Estado, destinado a funcionar como um comitê consultivo. Ele é composto por veteranos leais, incluindo o oficial militar e confidente octogenário José Vicente Rangel. A primeira tarefa de Chávez para o Conselho, que se assemelha a um órgão com o mesmo nome em Cuba, é estudar a sua recomendação de que a Venezuela deixe um tribunal regional de direitos humanos que cobre toda a América. No entanto, alguns meios de comunicação, políticos e analistas suspeitam que o Conselho também possa ser um mecanismo que Chávez quer deixar pronto para trabalhar uma potencial transição, e uma possível mediação entre fatores divergentes do governista Partido Socialista, dos militares e da oposição. Doença Somando-se à incerteza, alguns jornalistas pró-oposição estão constantemente fornecendo ao público detalhes profundamente pessoais do tratamento de Chávez, com base, dizem eles, em fontes médicas perto ou dentro da equipe que trata dele. O mais conhecido colunista e apresentador de talk-show de rádio na Venezuela, Nelson Bocaranda, disse esta semana que Chávez havia mergulhado em uma depressão diante das más notícias sobre seu prognóstico, e estava sofrendo dor severa tanto do tratamento quanto da propagação da doença. Em sua última coluna, Bocaranda contou que a radioterapia em Cuba causou uma fratura no fêmur de Chávez. O jornalista disse que uma foto da chegada de Chávez em Cuba na segunda-feira foi cuidadosamente maquiada para evitar a exibição de uma cadeira de rodas e bengala. "Todo mundo ao redor dele sabe que tempos difíceis estão chegando", escreveu Bocaranda, que tem um público enorme, mas se tornou uma figura odiada por funcionários do governo de Chávez. Desde que foi diagnosticado com câncer em meados de 2011, e quando se submeteu a três cirurgias para remover tumores malignos em sua região pélvica e durante o tratamento de quimioterapia e radiação, Chávez sempre desprezou a especulação da sua morte. Em seu discurso ao vivo em Caracas na segunda-feira, e durante um telefonema para a televisão estatal de Havana, poucos dias antes, ele pediu que as pessoas compreendam o efeito debilitante de seu tratamento, mas insistiu que estava no caminho da recuperação. "Ele está bem no meio do tratamento, focado e disciplinado. Avançando em sua recuperação, pensando e trabalhando todos os dias para apoiar a revolução popular", disse na quarta-feira o chanceler Nicolas Maduro, amplamente apontado como um possível sucessor, ecoando a linha oficial .
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