Durante a visita desta semana de Donald Rumsfeld a Bagdá, um jornalista perguntou ao secretário de Defesa dos EUA o que seu país poderia fazer contra a violência sectária no Iraque.
- Acho que a primeira coisa que tenho a dizer é que não temos nada a fazer, e sim os iraquianos - respondeu. - É o país deles, um país soberano. Este novo governo iraquiano não é um governo que tenha um 'interino' ou 'de transição' atrás do seu nome. É um governo que entra para um período de anos e, indubitavelmente, inquestionavelmente, tratará a questão de como melhor dar segurança a todo o seu povo.
Mais de três anos após a invasão americana, a viagem de Rumsfeld enfatiza como o resultado vai depender em grande parte do desempenho das tropas locais treinadas pelos EUA.
Analistas dizem que, em ano eleitoral, o governo Bush está ansioso por sinalizar que a participação dos militares dos EUA no Iraque está diminuindo - os problemas enfrentados no país são um dos principais motivos para as baixas taxas de aprovação do presidente.
- Esperamos duas coisas acontecerem para planejar o começo da nossa retirada - disse o analista de defesa Daniel Goure, do Instituto Lexington. - A primeira era a criação de uma capacidade de segurança iraquiana, o que já temos bem encaminhado - um quarto de milhão de militares iraquianos fazendo várias coisas. E o número dois é um governo de união em funcionamento, ou algo que pelo menos tivesse todos os grupos representados, e agora temos isso.
Bush enviou os secretários Rumsfeld e Condoleezza Rice (Estado) na quarta-feira a Bagdá para dar apoio ao primeiro-ministro indicado Nuri Al Maliki e a outros líderes iraquianos.
Rice disse que esses líderes parecem concentrados na necessidade de que as forças iraquianas estejam "realmente capazes de lidar com a situação de segurança."
Maliki, que é xiita, está formando um governo de coalizão com curdos e árabes sunitas. Mas ele enfrenta o desafio de milícias, muitas delas ligadas a grupos políticos, e da insurgência sunita. Com 69 mortos, abril foi o mês com mais mortes entre os militares dos EUA em 2006.
- Do ponto de vista prático, estamos pedindo ao governo iraquiano que faça algo que francamente nós não conseguimos fazer, e não sabemos até que ponto isso é realista - disse Michael O'Hanlon, analista da Brookings Institution. - Torço para que eles consigam avançar, ainda que tropegamente, e com o tempo gradualmente construam um Estado mais estável e democrático. Mas acho que o Iraque, com toda a probabilidade, será o país mais violento da região pelos próximos anos.
O general George Casey, comandante militar dos EUA no Iraque, disse estar "dentro do cronograma geral" para recomendar uma redução no contingente norte-americano ainda neste ano. O Pentágono já reduziu o número de soldados no Iraque em cerca de 30 mil desde dezembro.
Os EUA mantêm cerca de 133 mil soldados no Iraque. Autoridades de defesa afirmavam anteriormente que poderia ser possível reduzir o contingente para cerca de 100 mil, mas que também é possível que haja uma redução menor ou mesmo nula.
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