A rodovia 14, também conhecida como rodovia do Mercosul, na Argentina, está bloqueada por cerca de 100 produtores agropecuários de Gualeguaychú, na província de Entre Rios. Liderados pelo presidente da Federação Agrária de Entre Ríos, Alfredo De Angeli, os produtores protestam contra o governo de Cristina Fernández de Kirchner e a bancada governista na Câmara dos Deputados, que não deu quórum para a sessão que iria debater uma nova lei de impostos sobre exportações agrícolas. O bloqueio é por tempo indeterminado, segundo De Angeli. Os ruralistas também realizaram protestos nas províncias de Córdoba, Santa Fé e Buenos Aires.
Os deputados discutiriam nesta quinta-feira (19) o projeto apresentado pela oposição, que prevê a redução do imposto de exportação (retenções), mas o grupo só conseguiu reunir 103 dos 129 deputados necessários para realizar a sessão. Na próxima semana, a oposição tentará mais uma vez debater o projeto de lei. Os deputados ligados à Casa Rosada, denominados "kirchneristas", não apareceram no plenário porque o assunto envolve "uma política com que o governo não está de acordo", argumentou o líder da bancada governista, Agustin Rossi.
De Angeli disse que os protestos devem aumentar até o fim de semana, porque "os produtores estão quebrados e já não podem produzir". Outro líder ruralista, Omar Príncipe, criticou Cristina, lembrando que foi a própria presidente que recomendou aos produtores que recorressem ao Congresso para solucionar problemas que não foram resolvidos na mesa de negociações com os ministros nas últimas reuniões. "Há muita bronca por parte dos homens do campo porque estávamos esperando que os parlamentares dessem quórum", disse Príncipe.
"Há um ano que estamos lutando e o interior do país se encontra em uma situação de falência: os trabalhadores estão sendo dispensados, muitos não são demitidos, mas estão de férias coletivas recebendo o salário mínimo e esta situação está se agravando cada dia mais", alertou o dirigente. A maior parte do interior da Argentina depende do setor agropecuário, que vive a pior seca dos últimos 30 anos, além da queda dos preços dos produtos no mercado internacional. Eles querem redução dos impostos e outros incentivos para superar a crise.