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Um sinal de ‘Zona proibida para drones’ é visto em frente ao Kremlin de Moscou, na Praça Vermelha.| Foto: EFE/EPA/Maxim Shipenkov

A Rússia acusou hoje (4) os Estados Unidos de estarem por trás do ataque frustrado de drones ao Kremlin ocorrido na madrugada da última quarta-feira. O governo russo primeiro indicou a Ucrânia como a mandante do que classificou como "ato terrorista" e agora incluiu os EUA como nação arquiteta da agressão e da tentativa de assassinato ao presidente russo, Vladimir Putin.

"Sabemos que as decisões sobre os ataques não são tomadas em Kiev, mas em Washington", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva. Segundo o porta-voz, os Estados Unidos "decidem os alvos e os meios e Kiev executa", acrescentando que o governo ucraniano nem sempre tem "autorização para escolher os meios" e que Moscou está "perfeitamente consciente" destes fatos.

No entanto, o Instituto para o Estudo da Guerra dos Estados Unidos (ISW, na sigla em inglês), um grupo apartidário de analistas sediado em Washington, publicou horas depois uma análise das circunstâncias nas quais os drones foram abatidos, sugerindo que o governo da Rússia teria organizado o ataque "na tentativa de levar a guerra ao público nacional russo e estabelecer as condições para uma mobilização social mais ampla".

Segundo o "think tank" americano, as autoridades russas tomaram recentemente medidas para aumentar a defesa aérea interna, inclusive dentro de Moscou e, portanto, seria extremamente improvável que dois drones tivessem atravessado "várias camadas de defesa aérea e explodido ou sido abatidos justamente sobre o Kremlin, proporcionando imagens espetaculares captadas por diversas câmeras".

Análise

Se o ataque com drones não tivesse sido organizado internamente e tivesse sido inesperado, “é muito provável que a resposta oficial russa tivesse inicialmente sido muito mais desorganizada” e não tão consistente e inequívoca na hora de qualificar o ataque, explicou o ISW.

"A apresentação rápida e coerente de uma narrativa oficial russa sobre o ataque sugere que a Rússia organizou este incidente muito perto do Dia da Vitória, 9 de maio, a fim de enquadrar a guerra como existencial para seu público doméstico", acrescentaram os analistas americanos.

Para o ISW, "o Kremlin pode estar planejando realizar outras operações de bandeira falsa e aumentar a desinformação antes do início de uma contra-ofensiva ucraniana para aumentar o apoio interno à guerra", apesar do fato de Moscou não ter atualmente capacidade militar para escalar as operações em território ucraniano, ainda segundo os analistas.

Já o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby disse ao canal MSNBC que Peskov está mentindo quando acusa os EUA pelo episódio. Kirby frisou que os EUA "ainda não sabem o que aconteceu" e que não farão nenhuma avaliação do ataque, mas insistiu que Washington não teve nada a ver com o ocorrido.

Reações russas e ameaças

Durante a coletiva de imprensa acusando a participação americana no episódio, o porta-voz do Kremlin ainda afirmou que o Comitê de Investigação da Rússia abriu um processo judicial para investigar "exaustivamente" a tentativa de ataque com drones e que a resposta da Rússia será "equilibrada e de acordo com os interesses" do país.

O Ministério das Relações Exteriores russo emitiu um comunicado em que recorda que Moscou se reserva o direito de responder a tentativas de atentados na Rússia. "Estes crimes não devem ficar sem resposta. Estamos convictos de que os culpados serão encontrados e serão severa e inevitavelmente punidos", afirma o comunicado oficial.

A Rússia também pediu a outros países e organizações internacionais para que condenem as ações "criminosas" da Ucrânia e a obriguem a "cumprir as suas obrigações no domínio da luta contra o terrorismo, do direito humanitário e da proteção dos direitos humanos".

Várias autoridades russas de alto escalão, incluindo o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin; e o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, também pediram a Putin que aja com firmeza por meio do uso de armas capazes de "destruir" as autoridades de Kiev ou levar à "eliminação física" do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Dmitry Medvedev, que também é ex-presidente da Rússia, chegou a escrever em seu canal no Telegram que "depois do ataque terrorista, não há outra opção a não ser a eliminação física de Zelensky e sua panelinha", acrescentando que o presidente ucraniano não seria necessário para assinar uma suposta rendição. "Como se sabe, Hitler também não a assinou", afirmou o político conhecido por suas declarações bruscas e desbocadas.

Danos

Questionado sobre os danos material causados pelos destroços dos drones abatidos, Peskov disse que duas placas de cobre da cúpula do Palácio do Senado do Kremlin foram danificadas e que as medidas de segurança no local estão sendo reforçadas.

O porta-voz da presidência russa voltou a confirmar que o desfile de 9 de maio na Praça Vermelha, no qual Putin discursará, permanece inalterado.

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