A bióloga brasileira Ana Paula Maciel e mais quatro ativistas do Greenpeace, que estavam no grupo de 30 pessoas que foram presas na Rússia por organizarem um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico, foram acusados formalmente de pirataria nesta quarta-feira (2), informou o advogado da ONG Mikhail Kreindlin, citado pela agência russa Interfax.
Os dois primeiros a serem acusados foram a brasileira, de 31 anos, e um ativista britânico. "Dois de nossos ativistas foram acusados de pirataria marítima em um grupo organizado. São cidadãos do Brasil e do Reino Unido", disse o advogado.
Pouco depois, o russo Roman Dolgov também era acusado formalmente de pirataria, o que em seguida também ocorreu com Dmitri Litvinov (sueco-americano) e Sini Saarela (finlandesa), segundo informou o Greenpeace russo em sua conta no Twitter.
Ao longo do dia, o Comitê de Instrução russo irá apresentar na cidade de Murmansk as acusações contra o restante dos ativistas que estavam a bordo do navio "Arctic Sunrise",
Kreindlin também afirmou que as acusações são "absolutamente infundadas, arbitrárias e ilegais".
"Nossos ativistas não tinham nenhuma intenção de se apoderar da propriedade de ninguém. Não havia nenhuma ação criminosa", acrescentou.
Todos os ativistas detidos estão em prisão preventiva por supostamente tentarem invadir uma plataforma de petróleo da empresa russa Gazprom no dia 19 de setembro.
"Um grupo de pessoas a bordo do 'Arctic Sunrise' e com bastante equipamento destinado a um fim que ainda não foi esclarecido violaram o perímetro de segurança de 500 metros da plataforma Prirazlomnaya e se aproximaram dela", disse ontem um porta-voz do Comitê de Instrução para resumir os argumentos da acusação.
Os ativistas são da Rússia, Brasil, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Finlândia, Suécia e França.
Após o protesto, o navio da ONG foi apreendido pela guarda de fronteiras russa e seus tripulantes detidos e transferidos a terra para responderem perante a justiça.
A Gazprom planeja começar a produção de petróleo nessa plataforma no primeiro trimestre de 2014. Segundo a ONG, isso aumentaria o risco de um vazamento de petróleo em uma área que contém três reservas naturais protegidas pela própria legislação russa.