O militar mais graduado da Rússia, o chefe de Estado-Maior Nikolai Makarov, ameaçou nesta quinta-feira (3) conduzir um ataque preventivo contra o sistema de defesa antimísseis construído pelos Estados Unidos e pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu, se Washington prosseguir com seu controverso plano de montar as bases na região.
Makarov na realidade repetiu uma advertência já feita no ano passado pelo presidente russo Dmitry Medvedev, o qual afirmou que a Rússia iria desfechar uma retaliação militar se não chegasse a um acordo com os EUA e a Otan sobre o sistema, montado na Turquia e na Romênia, mas que também prevê bases na Polônia na etapa final.
Makarov foi mais longe nesta quinta-feira. "Se a situação piorar será tomada uma decisão para usar a força preventivamente", afirmou em uma conferência na capital russa, da qual participaram oficiais dos EUA e da Otan. O ministro da Defesa da Rússia, Anatoly Antonov, também alertou nesta quinta-feira que as negociações entre Washington e Moscou sobre a questão no momento se encontram "em impasse".
A montagem do sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu é um tema espinhoso nas relações entre os EUA e a Rússia há vários anos. A ideia de construir o sistema surgiu durante o segundo governo de George W. Bush (2005-2009), quando os EUA queriam montar o sistema na República Checa e na Polônia, supostamente para conter uma ameaça balística do Irã. Os russos rejeitaram a construção do sistema e alertaram que ele mudará o equilíbrio estratégico na região. No governo de Barack Obama, que começou em janeiro de 2009, os EUA pareciam dispostos a ceder, mas então decidiram construir o sistema na Romênia e na Turquia, o qual afirmaram que usará apenas mísseis interceptores de curto alcance. A Rússia aparentemente concordou com a ideia, mas já em 2011 voltou a afirmar que o sistema minará sua capacidade de dissuasão nuclear.
As declarações de Makarov não parecem implicar em uma ameaça imediata, contudo aumentam a pressão para que Washington concorde com os argumentos russos. A conferência de dois dias em Moscou é o último evento antes de uma cúpula da Otan, que acontecerá em Chicago no final de maio. A Rússia não informou se enviará seus observadores. Makarov disse que os ocidentais desconfiam da Rússia, mesmo após o final da Guerra Fria. "Porque eles pedem a mim e a meus colegas para que deixemos de lado a desconfiança? Porque não se olham melhor no espelho?", disse.
O sistema da Otan e dos EUA de mísseis interceptores será baseado em mísseis que podem ser disparados de cruzadores Aegis. Eles preveem a construção de uma poderosa base de radares no leste da Turquia, em uma primeira etapa, e de sistemas de radares e mísseis interceptores na Romênia e na Polônia, em uma segunda. Segundo Antonov, se a Otan e os EUA desistirem de construir bases de radares e mísseis na Polônia, a Rússia não lançará um ataque preventivo. Essa é a etapa final da construção do sistema e não deverá ocorrer antes de 2018.
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas “disfarçadas” para a guerra da Ucrânia