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O Kremlin acusou os EUA nesta segunda-feira (18) de terem colocado “lenha na fogueira” da guerra na Ucrânia ao autorizar, segundo a imprensa ocidental, ataques com mísseis de longo alcance contra o território russo por parte de Kiev.
“É evidente que a administração em fim de mandato nos EUA pretende continuar jogando lenha na fogueira e continuar provocando uma escalada de tensão em torno deste conflito”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em sua coletiva de imprensa telefônica diária.
Peskov enfatizou que, se for confirmado que o Ocidente deu sinal verde a Kiev, isso significará "qualitativamente uma nova fase de tensão e uma nova situação em relação ao envolvimento dos EUA" no confronto.
"Putin já explicou muito claramente. Estes ataques não serão realizados pela Ucrânia, mas pelos países que dão autorização", afirmou, acrescentando que as missões de voo são determinadas por especialistas das potências ocidentais e não pelos militares ucranianos.
Peskov frisou que “daí vem o perigo e a provocação” representados pelo fato de os países da Otan estarem diretamente envolvidos nos combates.
Além disso, referiu-se à declaração feita por Putin em São Petersburgo, no último mês de setembro, na qual alertou que a aprovação do uso de mísseis de longo alcance “significará que os países da Otan, os EUA e os países europeus estarão em guerra com a Rússia”.
Putin garantiu que esta decisão é uma linha vermelha para o Kremlin, que poderia forçar Moscou, entre outras coisas, a fornecer armas de longo alcance aos inimigos do Ocidente em diferentes partes do mundo.
Segundo foi noticiado no domingo pelos jornais The New York Times e The Washington Post, o presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou a Ucrânia a usar armas americanas de longo alcance para ataques limitados em território russo.
Ainda neste domingo (17), o Ministério das Relações Exteriores russo foi o primeiro a relembrar a ameaça do regime de Putin contra o Ocidente, que alertou sobre as "consequências" de permitir que a Ucrânia use armas de longo alcance para atacar o país.
“O presidente [ditador] já deu uma declaração sobre o assunto”, disse a porta-voz do Ministério russo, Maria Zakharova, ao portal de notícias RBC, em uma aparente referência às declarações feitas pelo líder do Kremlin em 13 de setembro.
Na época, Putin afirmou que, se o Ocidente concordasse em autorizar ataques dentro da Rússia com seus mísseis de longo alcance, isso mudaria a “essência” e a “natureza” do conflito na Ucrânia.
“Isso significará que os países da Otan, os EUA e os Estados europeus estão lutando com a Rússia”, disse o chefe do Kremlin na ocasião.
De acordo com a imprensa americana, o presidente Joe Biden autorizou a Ucrânia a usar armas de longo alcance americanas para "ataques limitados" dentro da Rússia, algo que nem a Casa Branca, nem o Pentágono confirmaram até o momento.
As armas autorizadas são especificamente mísseis guiados supersônicos chamados ATACMS, que podem carregar ogivas convencionais ou de fragmentação e têm um alcance de cerca de 190 milhas ou 300 quilômetros, segundo o jornal The Washington Post.
Se confirmada, a decisão de Biden pode ser um grande impulso para a Ucrânia pouco antes de ele dar lugar, em janeiro, como presidente dos EUA, a Donald Trump, que prometeu repetidamente acabar com a guerra no país europeu.