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Rosneft

Rússia aproveita crise na Venezuela para ganhar vantagens no mercado de gás

Presidente russo Vladimir Putin assumiu acordos para extração de gás natural na Venezuela
Presidente russo Vladimir Putin assumiu acordos para extração de gás natural na Venezuela (Foto: Yuri KADOBNOV/AFP)

A gigante estatal petrolífera russa Rosneft está aproveitando a crise da Venezuela para extrair concessões e entrar no mercado offshore de gás natural a baixo custo, uma potencial dor de cabeça para os EUA e a Europa. Um acordo assinado pela Rússia e pela Venezuela no início de junho dará isenções fiscais (nos impostos de importação e sobre valor agregado) à Rosneft para produzir e exportar gás dos campos de Patao e Mejillones, na costa leste da Venezuela, que ficam perto de onde a americana Exxon Mobil está extraindo petróleo, na vizinha Guiana. O documento também inclui um "preço justo de mercado" no caso de uma expropriação.

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A Rosneft também está pensando em explorar outro bloco de gás natural, conhecido como Deltana 5, que é muito mais perto da fronteira disputada entre Venezuela e Guiana, segundo duas pessoas familiarizadas com o plano. O ditador Nicolás Maduro prometeu impedir a Exxon de explorar na área contestada.

A Rosneft teria duas opções para exportar o gás: construir uma planta de gás natural liquefeito na Venezuela, que não possui essas instalações, ou poderia canalizar o gás para Trinidad, onde há trens de GNL com capacidade ociosa. O gás venezuelano poderia, eventualmente, oferecer à Rússia novos pontos de entrada nos mercados da Ásia e da Europa. Porta-vozes da PDVSA e da Rosneft na Venezuela se recusaram a comentar.

Apoio ao regime

O acordo ressalta o quanto a Rússia está apoiando e ao mesmo tempo ganhando vantagens do regime de Maduro, em um momento em que os EUA estão sancionando o ditador e a China cortou seu apoio. "A China está se afastando em termos de auxílio financeiro", disse Andrew Stanley, associado do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em entrevista à Bloomberg. "Enquanto os russos, ao longo dos últimos anos, seguiram na direção oposta, eles dobraram o apoio e viram isso como um plano oportunista".

Desde 2014, a Rosneft emprestou cerca de US$ 6,5 bilhões para a Venezuela em troca de petróleo, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Petróleos de Venezuela SA (PDVSA) está pagando os empréstimos com entrega de barris para a Rosneft e acumulou uma dívida pendente de cerca de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre deste ano, de acordo com dados apresentados pela empresa.

A Rússia tem uma história de apoiar aliados politicamente alinhados como Maduro para desafiar a influência dos EUA em questões estrangeiras. A Rosneft vem adquirindo ativos da PDVSA desde 2011, quando comprou a empresa de refino venezuelana Ruhr Oel GmbH, na Alemanha. Também assumiu participações em três projetos de extração de petróleo bruto na bacia do Orinoco, além de duas joint-ventures na região do Lago Maracaibo.

Contudo, nem todos os russos na indústria de petróleo da Venezuela resistiram como a Rosneft. A Lukoil vendeu sua participação em um projeto de petróleo pesado venezuelano à Rosneft em 2014. No início deste ano, a Gazprombank vendeu sua participação remanescente na joint-venture Petrozamora, no oeste da Venezuela, para um comprador não revelado.

Ainda assim, os laços estreitos que a Rosneft construiu com Maduro deram um incentivo para que o ditador continue seu regime.

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