O presidente russo, Dmitry Medvedev, assinou nesta quarta-feira (17) tratados com a Ossétia do Sul e Abkházia para defender essas regiões separatistas de eventuais ataques da Geórgia.
Os tratados formalizam as relações militares, diplomáticas e econômicas com as duas repúblicas, cuja independência a Rússia reconheceu no mês passado, após uma curta guerra contra a Geórgia.
"Os documentos que assinamos prevêem que nossos países adotem conjuntamente as medidas necessárias para reagir a ameaças à paz e para se opor a atos de agressão", disse Medvedev após uma pomposa cerimônia no Kremlin.
"Vamos nos demonstrar mutuamente todo o apoio necessário, inclusive o apoio militar. Uma repetição da agressão georgiana ... levaria a uma catástrofe em escala regional, então ninguém duvide de que não permitiremos novas aventuras militares", disse Medvedev.
A guerra do mês passado aconteceu depois que a Geórgia enviou tropas para tentar recuperar o controle da Ossétia do Sul, que desde a década de 1990 já gozava de autonomia sob a proteção de Moscou. O Ocidente, aliado da Geórgia, disse que a reação russa foi desmedida.
O vice-chanceler georgiano, Giga Brokeria, acusou a Rússia de estar violando a soberania e integridade territorial de seu país. "Trata-se de uma anexação escancarada desses territórios pela Rússia. O resto é só uma simulação", disse ele à Reuters.
Em visita a Tbilisi, o subsecretário-assistente de Estado dos EUA, Matthew Bryza, afirmou que a Rússia deveria respeitar as fronteiras do país vizinho. "(Moscou) precisa cumprir seus anos e anos de compromissos, inclusive sob numerosas resoluções do Conselho de Segurança (da ONU), com a integridade territorial da Geórgia", disse.
Na quarta-feira, a chancelaria russa acusou a Otan de resgatar a mentalidade da Guerra Fria ao realizar uma reunião de alto escalão nesta semana em Tbilisi.
"Não podemos ver medidas para intensificar as relações entre a aliança e a Geórgia senão como um incentivo a novas aventuras", disse a chancelaria em nota.
A Geórgia pleiteia sua adesão à Otan, uma ambição que a Rússia recrimina.
Após a assinatura dos tratados, Medvedev promoveu um aperto de mãos e um brinde com champanhe com os líderes Eduard Kokoity (Ossétia do Sul) e Sergei Bagapsh (Abkházia), que receberam todas as honras de chefes de Estado - inclusive o anúncio da sua presença no idioma oficial de suas regiões.
Até agora, só Rússia e Nicarágua reconhecem essas duas repúblicas como países independentes. Moscou pretende estabelecer 7.600 soldados nas duas regiões, e os separatistas já recebem um apoio econômico substancial do governo russo.