Beirute, 26 Fev 2016 (AFP) - A aviação russa intensificou nesta sexta-feira seus ataques contra redutos rebeldes na Síria, poucas horas antes da esperada entrada em vigor de um cessar-fogo patrocinado pela Rússia e os Estados Unidos.

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Esta trégua entre o regime e os rebeldes, a primeira do tipo em quase cinco anos de guerra, deve começar a partir de sábado às 00h00 (19h00 de sexta-feira no horário de Brasília), mas sua aplicação é muito complexa, dadas as alianças no terreno entre insurgentes e jihadistas excluídos do cessar-fogo.

O regime de Bashar al-Assad, uma centena de facções rebeldes e as forças curdas disseram que respeitariam o cessar-fogo neste conflito que já custou mais de 270.000 vidas, deslocou mais de metade da população e desestabiliza o Oriente Médio e Europa.

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Mas o regime, apoiado por seu aliado russo, bem como a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, continuam a atacar os grupos jihadistas Estado Islâmico (EI) e Frente Al-Nosra, o ramo sírio da Al-Qaeda, que ocupam mais metade da Síria.

Os rebeldes sírios também estão enfraquecidos pela expansão dos jihadistas e controlam apenas uma pequena parte do território, especialmente perto de Damasco, Aleppo (norte) e Homs (centro) e parte do sul do país.

A aviação russa tem bombardeado violentamente precisamente estes redutos rebeldes.

“Os ataques são mais intensos em Ghuta oriental, a leste de Damasco, nas províncias de Homs e de Aleppo”, segundo o Observatório sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

‘Marcar pontos’Intensos ataques também atingiram Jobar, bairro periférico de Damasco onde a Al-Nusra é influente.

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“É como se eles (russos e regime) quisessem marcar pontos sobre os rebeldes antes da tregua”, considerou Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH.

“É claro, a aviação russa continua sua operação na Síria. Apoia as forças armadas (de Damasco) e mira nas organizações terroristas, o Estado Islâmico, a Frente Al-Nosra e os grupos incluídos na lista negra do Conselho de Segurança da ONU”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov.

“Mesmo depois da entrada em vigor do cessar-fogo, nossa ofensiva contra as organizações terroristas não vai parar”, afirmou, ressaltando que “é um dos pontos de acordo entre os presidentes russo e americano”.

Em Genebra, as negociações prosseguem para tentar finalizar as modalidades da trégua.

Na parte da tarde, representantes de 17 países e organizaçãoes e dirigidos por Washington e Moscou vão se reunir, antes de uma reunião às 20H00 GMT (17h00 de Brasília) do emissário especial da ONU Staffan de Mistura com o Conselho de Segurança da ONU.

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Segundo diplomatas, o Conselho deverá adotar na ocasião uma resolução sobre o acordo de cessar-fogo.

‘Trégua entre Rússia e América’Para o presidente russo Vladimir Putin, a resolução pacífica do conflito será difícil e a trégua se destina a “criar as condições para que um tal processo (político) seja iniciado”.

Os Estados Unidos, que apoiam a oposição a Assad, disse não ter “muitas ilusões” sobre a trégua. Enquanto o presidente Barack Obama alertou o regime e Moscou que “o mundo estará observando o cessar-fogo” na Síria.

“Todo o mundo sabe o que deve acontecer: todas as partes devem por fim aos ataques, inclusive ataques aéreos e deve-se poder realizar a ajuda humanitária nas zonas assediadas”, lembrou Obama, enquanto civis morreram de fome em algumas localidades sitiadas.

A Turquia, na fronteira com a Síria e que entrou recentemente no conflito, declarou estar “seriamente preocupada” com a viabilidade do cessar-fogo. A aviação turca bombardeira as forças curdas sírias e considera que não está comprometida com a trégua.

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Um rebelde sírio em Aleppo, Abu Rifaat, resume: “Esta é uma trégua entre Rússia e Estados Unidos, que impõem um cessar-fogo e que consideram como extremista e terrorista qualquer um que não aceitá-lo. É um pretexto para nos bombardear”.

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