As autoridades russas cogitam a hipótese de um ataque terrorista ter derrubado o avião militar com 92 pessoas a bordo que caiu no Mar Negro minutos após decolar do balneário de Sochi, no Sudoeste do país. Segundo o ministro dos Transportes da Rússia, Maxim Sokolov, todas as possíveis causas estão sendo consideradas para o incidente, inclusive terrorismo. Mais cedo, o presidente do Comitê de Defesa e Segurança do Conselho da Federação, Viktor Ozerov, havia afirmado à agência de notícias Sputnik que a queda deveria ter sido provocada por problemas técnicos ou erro humano, descartando a possibilidade de uma ação terrorista.
“Eu descarto a versão de ataque terrorista completamente. É o avião do Ministério da Defesa, sobre o espaço aéreo da Federação Russa, não pode existir essa versão”, disse Ozerov. “O avião deveria fazer uma curva em “U” após decolar sobre o mar, talvez tenha tomado a direção errada”.
Fabricada em 1983 e com 7 mil horas de voo, a aeronave militar modelo Tu-154 passou por reparos em dezembro de 2014 e seu piloto era experiente. A bordo do avião viajavam nove jornalistas, oito militares e 64 integrantes do coral e grupo de dança Alexandrov Ensemble, do Exército russo, que participariam das comemorações de Ano Novo na base aérea síria de Khmeimim, em Latakia, onde a Rússia mantém uma esquadrilha de aviões de guerra.
Criado em 1928, o coral, que perdeu a maioria de seus cantores na tragédia, é frequentemente descrito como uma “arma cantante” do Kremlin. Também chamado às vezes de Coral do Exército Vermelho, ele ganhou fama global com seu repertório patriótico durante a época da União Soviética, mas em tempos recentes tem tentado atrair a atenção de plateias mais modernas. Muitas de suas apresentações se tornaram “virais” na internet, incluindo uma reinterpretação de “Get Lucky”, do grupo de música eletrônica Daft Punk, pelos cantores em uniformes militares completo durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Inverno de 2014 em Sochi.
“É difícil calcular a escala desta tragédia”, disse Alexander Kibovsky, chefe do Departamento de Cultura da cidade de Moscou. “Eles traziam orgulho para nossa cultura, nosso país, ao redor do mundo”.
À medida que as notícias sobre o acidente se espalharam neste domingo, moradores de Moscou levaram buquês de flores para a porta da sede do coral na capital russa.
“Todos nós amávamos este grupo” – disse Mark Novikov, um dos que foram prestar homenagens no local. “Nós os valorizávamos. Eles eram nossos irmãos, nossos amigos, nossos colegas”.
Com 186 integrantes, o Alexandrov Ensemble incluí uma banda e um grupo de dança além do coral com cerca de 70 cantores. Viktor Yeliseyev, líder do coral rival da Guarda Nacional da Rússia, informou que a maioria dos cantores do coral estava a bordo do avião acidentado. Entre os poucos que ficaram para trás está o solista Vadim Ananyev, cuja esposa acabou de dar à luz um bebê e pediu para que ele ficasse em casa para ajudar. O casal tem três filhos pequenos.
“Sinto como se tivesse levado uma pancada na cabeça” – contou Ananyev. “Ainda não consigo acreditar. Eles estão me dizendo que nasci com uma colher de prata (expressão para se referir a uma pessoa privilegiada)”.
Já a agência de notícias russa “Interfax” informou que pelo menos outro integrante do coral se salvou depois que teve seu embarque negado no último minuto por estar com seu passaporte vencido. Além disso, Como a apresentação em Khmeimim seria basicamente à capela, apenas coralistas e dançarinos embarcaram.
“A orquestra não voou porque o coral usaria músicas gravadas” - disse à Interfax Sergei Khlopnikov, cantor do coral que não viajou porque sua filha está doente.
Também estava a bordo Elizaveta Glinka, diretora executiva da ONG Fair Aid International Public Organization. Yelizaveta era conhecida como “Doutora Liza”. Ela levava medicamentos para o Hospital Universitário de Latakia, segundo o diretor do Conselho dos Direitos Humanos para o Kremlin, Mikhail Fedotov, em comunicado citado pela agência de notícias Interfax.
A aeronave militar decolou às 5h20 no horário local, 0h20 no horário de Brasília, com destino à base aérea de Khmeimim, na Síria. Ela procedia de Moscou e fez uma parada de reabastecimento em Sochi. Cerca de 2 minutos depois, o avião sumiu dos radares ao fazer uma manobra sobre águas russas. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ainda é cedo para determinar as causas do acidente. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou condolências aos que perderam familiares e ordenou que o primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, monte e lidere uma comissão para investigar a queda. Em pronunciamento na TV, Putin declarou luto nacional nesta segunda-feira.
“Fragmentos do Tu-154 do Ministério da Defesa russo foram encontrados a 1,5 km da costa do mar Negro a uma profundidade de 50 a 70 metros”, informou o Ministério da Defesa, segundo a rede britânica BBC.
“As operações de buscas continuam”, afirmou Konashenkov, informando que uma missão militar já foi enviada para Sochi. “Quatro navios, cinco helicópteros e um drone estão trabalhando na área”.
Este é o segundo acidente envolvendo aviões militares russo neste mês. No dia 19, uma aeronave Ilyushin IL-18, com 39 pessoas a bordo, se acidentou durante um pouso de emergência a 30 quilômetros de um aeroporto militar na cidade de Tiksi, na Republica de Sakha. Ninguém morreu, mas 32 pessoas foram hospitalizadas.
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