A Rússia está colocando prisioneiros de guerra ucranianos para lutar contra seu próprio país na guerra iniciada em fevereiro de 2022. A informação foi publicada nesta quinta-feira (9) pela agência russa RIA Novosti, no seu canal no Telegram.
“Um batalhão de voluntários com o nome de Bogdan Khmelnitsky foi criado na República Popular de Donetsk [região ucraniana anexada pela Rússia por meio de um referendo ilegal no ano passado]. Ele foi formado por prisioneiros de guerra das tropas ucranianas, disse um dos comandantes da unidade, Andrey Tishchenko, à RIA Novosti”, informou a agência.
Segundo a RIA Novosti, esse primeiro batalhão de ex-soldados das Forças Armadas Ucranianas já entrou em serviço na formação tática de combate operacional russa Cascade.
Essa brigada teria cerca de 70 homens e recebeu o nome de Bogdan Khmelnitsky, um líder militar de cossacos ucranianos que no século 17 promoveu um levante contra a Comunidade Lituano-Polonesa, que dominava partes do atual território da Ucrânia. Depois, Bogdan Khmelnitsky cedeu o controle dessas áreas para a Rússia. Milhares de judeus foram massacrados pelos cossacos por ele comandados.
Embora a Rússia alegue que os soldados ucranianos aderiram “voluntariamente” às forças russas, especialistas duvidam dessa possibilidade e citam que a situação pode configurar quebra de regras internacionais, como as Convenções de Genebra.
“As autoridades russas podem alegar que os estão recrutando de forma voluntária, mas é difícil imaginar um cenário em que a decisão de um prisioneiro de guerra possa ser considerada como verdadeiramente voluntária, dada a situação de custódia coercitiva”, disse Yulia Gorbunova, pesquisadora sênior sobre a Ucrânia da ONG Human Rights Watch, ao site da emissora americana ABC News.