Moscou As Agências de notícias russas informaram ontem que Moscou interrompeu toda comunicação aérea, terrestre e marítima com a Geórgia por conta da crise iniciada entre os dois governos. A represália russa foi anunciada pouco antes de a Geórgia entregar à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) quatro militares russos acusados de espionagem e que haviam sido detidos por autoridades georgianas.
Outras informações também apontam para um isolamento agudo entre os dois países. Os Correios russos pararam suas atividades direcionadas à Geórgia e o presidente do comitê que chefia a companhia de trens da Rússia, Vladimir Yakunin, recomendou abstenção de compra de peças de reposição para locomotivas que sejam comercializadas por empresas georgianas.
Sanções
O Senado russo pretende ainda discutir possíveis sanções contra Geórgia. O presidente da Duma (a Câmara Baixa do Parlamento russo, controlada por governistas), Boris Grizlov, disse que o Legislativo permitirá ao governo russo barrar transferências de valores, feitas por bancos ou pelos Correios, a outros países.
A medida visa a dar mais autonomia ao governo russo, que poderá adotar sanções contra a Geórgia, nação classificada pela Rússia como um "Estado terrorista.
De acordo com fontes oficiais, dos cerca de 320 mil georgianos que trabalham na Rússia, apenas 1% atua de forma legalizada. As transferências bancárias feitas da Rússia para a Geórgia representam cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas nacionais) da Geórgia.
Outra questão que "amarra a Geórgia à Rússia é a provisão de energia e de combustível. O governo georgiano depende quase que integralmente do fornecimento russo.
A crise diplomática entre os dois países foi desencadeada pela detenção de quatro militares russos acusados de espionagem pelo governo da Geórgia, na semana passada. Em reposta, Moscou retirou seu corpo diplomático de Tbilisi (capital) e reforçou a segurança na fronteira entre os dois países.
As relações entre Tbilisi e Moscou são tensas desde Mijail Saakashvili assumiu o poder do governo georgiano, em 2003. Saakashvili almeja integrar seu país à aliança militar ocidental (Otan) e recuperar a soberania nas regiões de Abkházia e da Ossétia do Sul, onde a Rússia mantém forças de paz. Ossétia do Sul e Abkházia proclamaram a independência da Geórgia logo depois da dissolução da União Soviética, em 1991.
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