O governo da Rússia criticou nesta quarta-feira (28) as acusações de que o país poderia estar por trás dos danos detectados nos gasodutos Nord Stream 1 e 2, que causaram vazamentos no mar Báltico.
"Isso era bastante previsível. É idiota e absurdo", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva diária. Um dos braços direitos do presidente russo, Vladimir Putin, Peskov garantiu que Moscou insistirá em participar nas investigações sobre o incidente. Segundo ele, os danos ocorridos nos gasodutos são um grande problema para a Rússia.
"Os dois ramos do Nord Stream 2 estão cheios de gás, os sistemas estão prontos para bombear, e este gás é muito caro", afirmou Peskov. O porta-voz relembrou que a Rússia havia decidido utilizar a metade do gás desse gasoduto para cobrir necessidades próprias após ser bloqueado pela Alemanha ainda antes da invasão à Ucrânia.
"É um gás muito caro e agora se perde no ar", lamentou o representante do Kremlin.
O vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Alexandr Grushko, afirmou que o país está pronto para estudar pedidos para uma investigação conjunta com países europeus.
"Se houver solicitações (desses países), as consideraremos. Que eu saiba, não houve nenhuma", disse o número 2 da Chancelaria, de acordo com a agência de notícias local TASS.
O porta-voz presidencial disse que, na situação atual, "é necessário o diálogo e a interação rápida de todas as partes para elucidar o mais rápido possível o que aconteceu, avaliar os danos e estabelecer ações para corrigir esta situação".
Peskov relembrou que, em fevereiro deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que "não haveria Nord Stream 2".
"Não sabemos ao que se referia", disse Peskov, que completou, garantindo que companhias americanas que exportam gás liquefeito são as grandes beneficiadas pela situação.
Ontem, os governos de Dinamarca e Suécia apontaram que um "ato intencional" teria sido a causa provável dos vazamentos nos dois gasodutos.
As conclusões das autoridades dos dois países são baseadas em dados obtidos pelos respectivos serviços sismológicos nacionais, que detectaram explosões perto dos locais em que houve fuga de gás.