A Rússia acusou a França na quinta-feira de cometer uma "grosseira violação" do embargo armamentista da ONU ao fornecer armas para os rebeldes líbios, enquanto os Estados Unidos consideraram que a ação é legal.

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A França confirmou na quarta-feira que usou aeronaves para lançar armas aos rebeldes das Montanhas Ocidentais líbias, que contam com apoio de bombardeios da Otan em sua luta contra o regime de Muamar Kadafi.

Em parte graças às armas recebidas, os rebeldes conseguiram chegar no domingo aos arredores de Bir al Ghanam, a 80 quilômetros de Trípoli, e na quinta-feira se posicionam em um planalto estratégico preparando um possível ataque. Um jornalista da Reuters que os acompanha disse que eles esperam contar com o apoio de ataques aéreos da Otan.

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O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que Moscou consultou a França sobre a veracidade do envio de armas aos rebeldes. "Se isso for confirmado, é uma violação muito grosseira da resolução 1970 do Conselho de Segurança da ONU", afirmou, referindo-se à resolução de fevereiro que impôs um amplo embargo armamentista à Líbia.

Paris disse na quarta-feira que o envio de armas não violava a resolução da ONU, porque se tratava de proteger civis de um ataque iminente, algo que uma resolução posterior do Conselho autoriza.

Os EUA concordaram. "Acreditamos que as resoluções 1970 e 1973 do Conselho de Segurança da ONU, lidas em conjunto, não especificam nem excluem o fornecimento de material defensivo à oposição líbia", disse Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado.

"Nós então respeitosamente discordaríamos da avaliação russa", acrescentou Toner, que no entanto fez a ressalva de que armar os rebeldes "não é uma opção sobre a qual tenhamos agido."

A Rússia não participa da campanha militar contra Kadafi, mas suas restrições podem influenciar alguns países da Otan que já se queixam do fato de os bombardeios serem mais prolongados e custosos do que se previa. Moscou também pode contestar a ação da França no Conselho de Segurança, onde ambos têm poder de veto.

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Salientando o dilema que toma conta da comunidade internacional, o representante do Banco Mundial na Líbia disse na quinta-feira que militantes islâmicos poderiam se beneficiar caso o conflito se prolongue.

"Se a guerra civil continuar, seria uma nova Somália, e não digo isso à toa", afirmou Marouane Abassi, que está radicado na Tunísia desde fevereiro. "Em três meses poderíamos estar lidando com extremistas. Por isso o tempo é muito importante neste conflito, antes que enfrentemos problemas em administrá-lo."

Kadafi diz que os bombardeios da Otan, iniciados em março, são um gesto de agressão colonial com o objetivo de se apropriar do petróleo líbio.

Otan se desvincula

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, deixou claro na quinta-feira que o envio de armas aos rebeldes foi uma iniciativa unilateral da França. Questionado por jornalistas em Viena sobre um envolvimento da Otan, ele respondeu: "Não".

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"Quanto ao cumprimento à resolução do Conselho de Segurança da ONU, cabe ao comitê de sanções da ONU determinar isso", disse Rasmussen.

O avanço rebelde rumo a Trípoli pelo sudoeste, a partir das Montanhas Ocidentais, não encontra equivalência no avanço rumo a capital a partir do leste, onde os rebeldes continuam entrincheirados em Misrata, cidade litorânea a 200 quilômetros da capital.

A cidade há meses é bombardeada pelas forças de Kadafi. Na manhã de quinta-feira, seis foguetes caíram perto da refinaria e do porto locais. Um jornalista da Reuters disse que não houve vítimas.

Os militares britânicos disseram que seus helicópteros Apache atacaram um posto de controle do governo e dois veículos militares perto de Khoms, cidade litorânea entre Misrata e Trípoli.

Os insurgentes dizem que as forças de Kadafi estão se concentrando e trazendo armas para esmagar uma rebelião em Zlitan, próxima cidade importante no caminho que liga Misrata à capital. Os rebeldes de Zlitan relataram ter atacado posições governistas na noite de quarta-feira, matando vários soldados.

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