A Rússia defendeu neste sábado a federalização da Ucrânia como único caminho para solucionar o conflito no leste do país, onde Kiev e os separatistas assinaram ontem à noite um memorando que reforçou o cessar-fogo declarado há duas semanas.
"O fortalecimento dos atuais Estados multinacionais só é possível por meio da concessão de competências constitucionais às regiões e aos órgãos locais segundo o princípio federalista", disse a chancelaria russa em um comunicado.
Caso Kiev não opte pela reforma constitucional e o diálogo nacional, advertiu Moscou, o resultado será a "crise, como a que acontece agora no sudeste da Ucrânia".
A chancelaria deu como exemplo a atitude das autoridades do Reino Unido diante do referendo na Escócia, já que o governo britânico respeitou as leis internacionais ao permitir o direito dos escoceses de votar a favor ou contra a independência.
O Ministério das Relações Exteriores destacou o "desejo natural dos habitantes da Escócia de ver no governo central o fiador do respeito a sua identidade cultural, suas particularidades linguísticas e tradições, e de uma maior autonomia em suas decisões e seu status no seio de um Estado unitário".
A chancelaria ressaltou que o "governo do Reino Unido fez promessas concretas".
Moscou critica Kiev por nunca ter reconhecido o resultado de referendos separatistas realizados em 12 de maio nas regiões de Donetsk e Lugansk, onde a maioria dos eleitores apoiou a independência.
Recentemente, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu para a Ucrânia abrir negociações para mudar seu modelo de Estado, em uma clara tentativa de conseguir mais poderes para o leste russófono.
Antes inclusive da sublevação armada no leste, o Kremlin propôs ao Ocidente uma roteiro sobre a federalização da Ucrânia, argumentando que um país onde o leste e o oeste falam idiomas diferentes, tem economias distintas e cultuam heróis diversos não pode ser um Estado unitário.
Durante negociações nesta madrugada em Minsk, Kiev e os separatistas decidiram adiar o debate sobre a lei de autogoverno aprovada nesta semana pelo parlamento ucraniano, medida que concederia aos rebeldes três anos de autonomia local.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, ainda não promulgou a lei, mas se mostrou disposto a conceder mais poderes aos separatistas pró-Rússia, desde que permaneçam em um Estado unitário.
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