A Rússia testou dois mísseis balísticos e bombardeou uma cidade-cenário no fim de semana, mas analistas disseram que a demonstração de prontidão militar servia ao consumo interno e que não se tratava de um alerta do governo russo ao Ocidente.

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Os exercícios - alguns deles supervisionados pelo presidente Dmitry Medvedev e todos contando com ampla cobertura de canais de TV do país - ocorreram semanas depois de uma troca agressiva de declarações entre a Rússia e os EUA em virtude da guerra de agosto na Geórgia.

No sábado, Medvedev acompanhou o lançamento bem-sucedido de um míssil intercontinental Sineva desde um submarino presente no mar de Barents (Ártico). O míssil atingiu um alvo virtual perto da linha do Equador, no oceano Pacífico, no primeiro lançamento do tipo a uma distância grande.

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No dia seguinte, Medvedev inspecionou o cosmódromo militar de Plesetsk, na região noroeste da Rússia, onde viu um teste com um míssil Topol, capaz de carregar ogivas nucleares e que atingiu um alvo na costa russa banhada pelo Pacífico.

Ao longo do fim de semana, 12 bombardeiros estratégicos Tu-160 e Tu-95MS levantaram vôo em um exercício que envolveu o lançamento de vários mísseis de cruzeiro a fim de pulverizar uma cidade-cenário montada no Ártico.

A dimensão e a intensidade dos testes são incomuns, mas não revelam muita coisa aos adversários em potencial da Rússia a respeito de seu poderio militar, disse o analista Stanislav Belkovsky.

"O Kremlin realizou essa ostensiva campanha de relações públicas a fim de desviar a atenção da opinião pública da crise financeira e afirmar à população: 'Olhem, ainda somos poderosos no setor militar'", disse Belkovsky, chefe do grupo de pesquisa Instituto de Estratégia Nacional.

Os mercados de ações da Rússia registraram sua pior semana da última década na semana passada e encontram-se agora 66 por cento abaixo do pico atingido em maio. O impacto vem se fazendo sentir na economia real no momento em que algumas empresas anunciam prejuízos.

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"Tudo o que vimos é uma tecnologia de 20 ou 25 anos atrás", disse o analista. "Os especialistas em questões militares conhecem a verdade das coisas, de forma que não se pode enganá-los com esse desembainhar de armas ao estilo soviético."

O míssil Topol encontra-se em atividade há 21 anos, e o Sineva também foi projetado no período soviético.

Em 2004, durante um teste, dois mísseis Sineva não conseguiram levantar vôo de um submarino, causando embaraço para o então presidente Vladimir Putin, que inspecionava o exercício.

Vitaly Tsymbal, analista militar do Instituto de Teoria Econômica em Períodos de Transição, disse que os últimos testes podem ter relação com a guerra da Rússia contra a Geórgia.

As forças russas rechaçaram com facilidade a tentativa dos militares georgianos de retomar o controle sobre a região separatista da Ossétia do Sul, mas a campanha militar deixou à mostra algumas falhas - especialmente nas operações de reconhecimento aéreo e quanto aos mísseis de alta tecnologia.

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