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A Rússia não tem a intenção de ocupar a Ucrânia e suas tropas se retirarão quando cumprirem o objetivo no país, onde o povo poderá decidir sobre o seu futuro, afirmou nesta sexta-feira (4) Gennady Gatilov, embaixador russo, durante entrevista coletiva realizada na sede das Nações Unidas, em Genebra, Suíça.
"Nosso objetivo é a desnazificação do regime e a desmilitarização da Ucrânia, de modo que tenhamos garantias de que não haverá ameaças da Ucrânia contra a Rússia", declarou o representante a jornalistas. "Não vamos ocupar a Ucrânia, e será o povo ucraniano quem decidirá sobre o seu futuro político".
Gatilov recordou, no entanto, que o governo russo já reconheceu as regiões ucranianas separatistas de Lugansk e Donetsk como independentes e que este é um fato consumado. Quanto ao resto do país, disse que caberá ao povo decidir como quer ser governado.
Ao comentar sobre os reveses diplomáticos que a Rússia sofreu nos últimos dias em fóruns internacionais, o embaixador negou que o governo de Vladimir Putin se sinta isolado e disse que a falta de apoio da grande maioria dos seus aliados tradicionais se deve ao fato de o Ocidente exercer forte pressão sobre eles.
Uma resolução da Assembleia Geral da ONU condenando a agressão russa contra a Ucrânia foi recentemente aprovada por esmagadora maioria. Nesta sexta-feira (4), o Conselho de Direitos Humanos concordou em criar uma comissão para investigar os crimes da Rússia durante a invasão da Ucrânia, com Venezuela, Cuba e China - habituados a votar na mesma linha de Moscou - sem levantar objeções. Segundo Gatilov, "nem todos os países estão em posição de resistir à pressão do Ocidente e isto pode explicar o resultado destas votações".
Perguntado se o governo russo teria a vontade de garantir a vida do presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, no caso de as forças russas tomarem Kiev, o diplomata disse não conhecer todos os detalhes da operação militar russa.
Acordos sobre corredores humanitários
Sobre o princípio de acordo para criar corredores humanitários na Ucrânia, o diplomata confirmou que "entende-se" que, para que funcionem, deve haver uma cessação das hostilidades ao redor. Os corredores humanitários visam permitir a entrada de ajuda humanitária a civis e a evacuação dos feridos em meio a situações de conflito.
Gatilov confirmou que estava agendado um encontro com o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer. O governo de Zelensky pediu ajuda da entidade para organizar os corredores humanitários.