O governo russo admitiu neste sábado (19) ter aumentado o número de militares na fronteira com a Ucrânia e disse ter tomado a medida como uma resposta à instabilidade no país vizinho, que enfrenta revoltas no leste do país contra o governo central.
Desde fevereiro, quando foi derrubado o presidente ucraniano Viktor Yanukovich, Moscou reforçou o efetivo militar na fronteira, inicialmente afirmando ser um exercício rotineiro com as tropas.
A medida, porém, foi interpretada como uma preparação de invasão à Ucrânia pelo governo interino do país e seus aliados, Estados Unidos, Otan e União Europeia. Eles também acusam Moscou de enviar soldados para o leste ucraniano, o que os russos negam.
"Me perdoe, mas a Ucrânia passou recentemente por um golpe militar. Naturalmente qualquer país tomaria medidas preventivas para garantir sua segurança", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O representante russo considerou positivo o acordo para estabilizar a situação no leste ucraniano, ratificado anteontem. Nele, a Ucrânia se comprometeu a aumentar a autonomia das províncias e a incluir o russo como língua oficial.
Por outro lado, também foi pedida a desocupação de prédios públicos e o desarmamento dos milicianos do leste ucraniano. Porém, as milícias pró-Rússia condicionam a saída a retirada das armas dos ultranacionalistas do leste ucraniano e o fim da ocupação da praça da Independência, em Kiev.
Putin
Neste sábado (19), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse não haver razão para o rompimento das relações com o Ocidente. Para ele, cabe a Estados Unidos e União Europeia retomarem o diálogo com Moscou.
Ele ainda saudou a escolha do ex-primeiro-ministro da Noruega Jens Stoltenberg para a Secretaria-Geral da Otan. "Temos muito boas relações, incluindo relações pessoais. Mas vamos ver como ele vai desenvolver relações em sua nova função", disse Putin na entrevista.
Na década de 2000, os dois assinaram acordos que definiram velhos problemas territoriais entre os russos e os noruegueses no mar de Barents. Stoltenberg assumirá o cargo na Otan em outubro.
Em um sinal de que seus laços tensos com o atual chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen, Putin repetiu a acusação de que o ex-primeiro-ministro dinamarquês tinha secretamente gravado e vazado uma conversa privada entre eles.
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