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O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, afirmou nesta quinta-feira (21) que tropas do país tomaram o controle de Mariupol, na Ucrânia, apesar de admitir que ainda existe resistência na siderúrgica de Azovstal. A indústria, onde se escondem cerca de 2 mil militares ucranianos, seria alvo de ataque, mas a ação foi cancelada pelo presidente russo. A Ucrânia afirma que a tentativa de Putin de evitar um confronto final com suas forças na cidade é um reconhecimento de que a Rússia não tem forças para derrotá-los.
"Considero inapropriado o ataque proposto. Ordeno cancelá-lo", disse Vladimir Putin a Choigu, em um encontro televisionado, nesta quinta. "Agora, é preciso pensar ainda mais, se é que seja possível, na vida e na saúde dos nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de nos metermos mais nessas catacumbas, e nos arrastarmos no subterrâneo dessas instalações", completou.
O presidente da Rússia aproveitou para exigir o fechamento da área industrial, "para que não passe nem uma mosca, nem para dentro, nem para fora".
O assessor presidencial ucraniano, Oleksiy Arestovych, afirmou que os defensores ucranianos seguem resistindo. "Eles fisicamente não podem tomar Azovstal, eles entenderam isso, eles sofreram enormes perdas lá", disse, em depoimento reproduzido pela Reuters. Sobre a decisão de Putin, p porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou que isso só mostra suas "tendências esquizofrênicas".
No encontro com Putin, ministro da Defesa da Rússia disse que "As Forças Armadas da Federação Russa, e as milícias da república popular de Donetsk libertaram Mariupol. O restante das formações nacionalistas se refugiou na área industrial da fábrica de Azovstal".
Segundo o ministro, guerrilheiros ucranianos eram mais de 8,1 mil quando ocorria o cerco da cidade portuária, sendo que mais de 4 mil foram mortos e 1.478 se renderam e viraram prisioneiros. Choigu admitiu que na siderúrgica estão 2 mil militares ucranianos, e que serão precisos de três a quatros dias para "terminar o trabalho".
Corredores humanitários
O governo da Ucrânia exigiu a abertura de um corredor humanitário a partir da siderúrgica de Azovstal, para evacuar cerca de mil civis e 500 militares, segundo dados apresentados pela vice-primeira-ministra do país, Iryna Vereshchuk. "Todos devem ser retirados hoje", exigiu a integrante do governo. Além disso, a vice-premiê fez um apelo, em mensagem postada no Telegram, "aos líderes mundiais e à comunidade internacional, para que concentrem os esforços em Azovstal agora".
O restante de Mariupol, que fica às margens do mar de Azov, está praticamente destruído pelos bombardeios das forças de Moscou. A siderúrgica é o último reduto de resistência ucraniana, se tratando de uma instalação intensamente fortificada. Ao todo, são cerca de 11 quilômetros quadrados, no sudeste de Mariupol, com túneis e bunkers subterrâneos, o que dificulta a tomada.
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