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Rússia diz ter provas da participação da Ucrânia na queda do voo MH17

O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, major-general Igor Konashenkov, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17), em Moscou | VASILY MAXIMOV/AFP
O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, major-general Igor Konashenkov, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17), em Moscou (Foto: VASILY MAXIMOV/AFP)

O Ministério da Defesa da Rússia diz ter provas de que a Ucrânia esteve envolvida na queda do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014, contrariando a investigação internacional, liderada pela Holanda, que sustenta o envolvimento russo no abatimento da aeronave.

Em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (17), o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, disse que o vídeo que mostra o movimento do sistema de mísseis Buk na fronteira entre Rússia e Ucrânia, apresentado pela Equipe Internacional de Investigação Conjunta (JIT), foi fabricado. Segundo ele, especialistas russos estudaram as imagens e chegaram à conclusão de que eram falsos, alegando que o movimento do equipamento foi criado por meio de animação de uma cena estática ao apontar que não há movimento de folhas, árvores e arbustos.

O Ministério da Defesa da Rússia também divulgou informações sobre a fabricação do míssil que atingiu a aeronave. Depois de analisar os destroços do projétil, o governo russo concluiu que ele foi produzido em 1986 em uma fábrica na região de Moscou e depois foi transportado para uma unidade militar da então República Socialista da Ucrânia. As autoridades russas afirmam que o míssil nunca saiu do território ucraniano e que estava em uma unidade militar que participou várias vezes da ATO – operação antiterrorista que, segundo a publicação Sputnik, era nome oficial dados pelas autoridades ucranianas ao conflito armado no lesto do país.

Para sustentar a alegação da participação ucraniana na queda do avião, o ministério da Defesa apresentou um áudio supostamente gravado em 2016 entre militares ucranianos durante os exercícios militares Rubezh, em 2016, no sudoeste da Ucrânia. “Se assim for, nós vamos ... [um sinônimo do verbo ‘abater’] outro Boeing da Malásia", disse um dos militares, segundo transcrição da Tass, agência de notícias estatal russa

Ao tomar conhecimento das provas apresentadas pela Rússia, os investigadores internacionais divulgaram uma nota afirmando que a JIT “estudará cuidadosamente as informações trazidas pela Federação Russa hoje, tão logo o país disponibilize os documentos à JIT, como já foi solicitado em maio de 2018 e conforme prevê a resolução 2166 do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações unidas]”.

Considerações

A Rússia tem um histórico de apresentar declarações e evidências que, mais tarde, caem por terra. Em 25 de maio deste ano, o presidente Vladimir Putin disse que o míssil que derrubou o voo MH17 não tinha nenhuma ligação com as Forças Armadas do país. 

Um dia antes, investigadores da JIT haviam afirmado que encontraram evidências robustas de que o míssil foi lançado a partir de uma base russa. Em uma coletiva de imprensa, a equipe de investigação mostrou fotos e vídeos que, segundo eles, provam que o sistema de defesa antiaéreo BUK, que abateu o avião, veio da 53ª Brigada de Mísseis Antiaéreos baseada em Kursk, na Rússia – os quais o Ministério da Defesa russo agora alega que foram fabricados.

Em sua nota, a JIT lembrou que analisando informações disponibilizadas pelo governo russo anteriormente, descobriu que elas “eram factualmente imprecisas em vários pontos”, citando como exemplo a suposta presença de um caça ucraniano nas proximidades do MH17 em imagens de radar apresentadas ao público em uma coletiva de imprensa em julho de 2014.

Contexto

Em 17 de julho de 2014, um míssil derrubou uma aeronave da Malaysia Airlines, um Boeing 777, que fazia o trajeto entre Amsterdã e Kuala Lampur. Ela foi abatida em uma região de conflito na Ucrânia e as 298 pessoas que estavam a bordo morreram.

Na época do ataque, o campo de batalha no leste da Ucrânia estava turbulento, com diferentes grupos armados. Os combatentes separatistas que se opunham a um novo governo pró-ocidental em Kiev tomaram o controle de amplos trechos de território no coração industrial do leste da Ucrânia. Eles estavam operando com o apoio da Rússia, e jornalistas ocidentais também identificaram pelo menos algumas tropas russas que se deslocaram para o leste da Ucrânia. O governo russo há muito nega envolvimento direto no conflito.

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