O serviço de inteligência da Holanda afirmou ter frustrado um ciberataque russo contra a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), que tem sede em Haia, e expulsou quatro agentes russos, anunciou nesta quinta-feira (4) a ministra da Defesa, Ank Bijleveld.
Já o Departamento de Justiça dos EUA acusou sete membros da agência de inteligência militar russa (GRU) por ciberataques em nível global.
A ministra afirmou, em uma entrevista coletiva, que um laptop pertencente a um dos agentes tinha conexões com Brasil, Suíça e Malásia. Em relação a este último país, o conteúdo era relacionado com a investigação do voo MH17 da companhia Malaysia Airlines, derrubado por um míssil em 2014 no leste da Ucrânia.
A tentativa de ataque ocorreu em abril. Segundo relatório da inteligência holandesa, os quatro russos chegaram à Holanda no dia 10 de abril, foram presos com equipamentos de espionagem em um hotel próximo à sede da Opaq, em 13 de abril, e então expulsos do país.
O ataque foi impedido com ajuda do Reino Unido.
Na ocasião, a organização trabalhava na identificação da substância usada para envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Iulia, em Salisbury, na Inglaterra.
O plano deles, segundo a Holanda, era viajar para Spiez, na Suíça, onde um laboratório analisa amostras enviadas pela Opaq.
O comandante do serviço de inteligência holandês, o general Onno Eichelsheim, afirmou que os quatro espiões desembarcaram no aeroporto Schiphol, em Amsterdã, com passaportes diplomáticos russos.
"Tentavam executar uma operação de ciberataque à curta distância", explicou. No porta-malas do veículo estavam, em particular, equipamentos destinados a interceptar o wi-fi da Opaq, assim como os códigos de acesso da organização. Uma antena também estava escondida no carro.
"Interceptamos o veículo e expulsamos os quatro homens. A operação foi realizada com sucesso", disse Eichelsheim.
Nos EUA, a GRU foi acusada de atacar pessoas que apoiaram a proibição a atletas russos em competições internacionais ou que condenaram o programa de doping apoiado pelo Kremlin.
Washington disse ainda que os russos também atacaram uma companhia de energia nuclear com base na Pensilvânia. A maioria dos ataques aconteceu remotamente.
Ataques globais
Ainda nesta quinta, o Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido afirmou que a inteligência militar russa (GRU) usou uma rede de hackers para atingir governos de vários países.
Segundo o NCSC, o Kremlin foi responsável pelo roubo de emails de uma TV britânica em 2015; pela invasão do sistema do Comitê Nacional Democrata, nos EUA, em 2016; pelo ataque BadRabbit, que atingiu sistemas na Ucrânia e o Banco Central russo, e pelo ataque contra a agência mundial antidoping em 2017, com o roubo e o vazamento de arquivos médicos confidenciais de atletas.
"O GRU interferiu em eleições livres e adotou uma campanha hostil de ciberataques", afirmou Peter Wilson, embaixador britânico na Holanda. "É um órgão agressivo e bem financiado do Estado russo. Não podemos permitir que ele continue a agir ao redor do mundo com aparente imunidade."
A Chancelaria britânica afirmou que ciberataques como Fancy Bear, Voodoo Bear, APT28, Sofacy, Pawnstorm, Sednit, CyberCaliphate, Cyber Berku, Sandworm e outros foram orquestrados pelo GRU.
A porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, qualificou a acusações holandesas e britânicas como "grandes fantasias".
O chefe da Otan (aliança militar ocidental) afirmou que a organização precisa fortalecer suas defesas contra ataques russos, pedindo à Rússia que pare com seu comportamento "imprudente".
"A Rússia precisa parar com seu padrão imprudente de comportamento, incluindo o uso de força contra seus vizinhos, a interferência em processos eleitorais e campanhas de desinformação", afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.
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