Rússia e China disseram, nesta quinta-feira, que a diplomacia era o melhor caminho para solucionar a disputa sobre as ambições nucleares do Irã. As declarações foram feitas a apenas um dia da entrega ao conselho de Segurança da ONU do relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre as atividades nucleares desenvolvidas por Teerã.
Na sexta-feira, Mohamed ElBaradei, chefe da AIEA, deve dizer ao conselho que o Irã não cumpriu as exigências feitas pelo organismo há um mês e manteve o seu programa de enriquecimento de urânio.
- Uma opção diplomática sugere modos diversos de reagir. Vamos discutir essa questão com nossos parceiros europeus, com os Estados Unidos e com a comunidade internacional - disse o presidente Vladimir Putin, depois de se reunir com a chanceler alemã Angela Merkel na Sibéria - Nós nos opomos à proliferação de armas de destruição em massa. Mas acreditamos que o Irã deveria ter uma oportunidade de desenvolver projetos de energia nuclear pacíficos.
Repetindo seu mantra de que as negociações e a diplomacia eram a única forma de resolver a crise, o Ministério das Relações Exteriores da China pediu calma, ponderação e paciência.
- Uma solução diplomática é a escolha correta e atenderá aos interesses de todos os envolvidos - afirmou Qin Gang, porta-voz do ministério, em pronunciamento. - A China conclama todos os países a evitarem tomar medidas que possam piorar a situação.
O enriquecimento de urânio pode ser usado na fabricação de combustível nuclear ou na fabricação de bombas atômicas. O Irã diz que não interromperá suas atividades, que classifica de puramente civis, rebatendo a acusação do governo americano de que teria um programa secreto para a fabricação de armas nucleares.
Os EUA, com o apoio da Grã-Bretanha e da França, fazem pressão pela adoção de sanções se - como se espera - o relatório da AIEA afirmar que o governo iraniano ignorou as exigências da ONU. Mas a Rússia e a China, os outros dois membros permanentes do Conselho de Segurança (que possuem poder de veto), opõem-se ao embargo.
Na terça-feira, o governo chinês rechaçou uma proposta americana de mandar o Irã suspender as atividades de enriquecimento por meio de uma resolução da ONU com poder de lei. O país asiático deseja que os diretores da AIEA analisem o relatório antes de o Conselho de Segurança manifestar-se sobre o assunto.
Mas vários analistas disseram que a China não estaria disposta a vetar uma resolução do Conselho sobre o Irã, já que uma manobra do tipo a colocaria em rota de colisão com os EUA e a União Européia (UE).
Contanto que os EUA, a Grã-Bretanha e a França não pretendam adotar uma ação imediatamente e contanto que deixem aberta a porta para um eventual acordo, a China não deve impedir uma resolução que alerte o governo iraniano, disse Shi Yinhong, da Universidade Popular da China, em Pequim.
- A China está fazendo o melhor que pode para encontrar os EUA na metade do caminho sem deixar de proteger seus interesses - afirmou. - A China pode tentar minimizar o tom da resolução ou - se houver sanções - tentar limitá-las. Mas a China também sabe que um voto contra a resolução danificaria terrivelmente suas relações com os EUA.
Mais de 11% do petróleo bruto importado pelos chineses em 2005 vieram do Irã e os dois países assinaram vários acordos para o desenvolvimento de projetos nas áreas petrolífera e de gás natural. A China, porém, leva em consideração o fato de que os EUA e a UE estão mais unidos a respeito do Irã do que estavam a respeito do Iraque, disse Robert Sutter, da Universidade Georgetown, em Washington.
- Os chineses possuem muitos interesses na Europa, então o fato de a UE estar ao lado dos EUA é um fator importante - afirmou Sutter.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião