A Rússia e a China vetaram no sábado uma resolução apoiada por países árabes e ocidentais no Conselho de Segurança da ONU pedindo que o presidente sírio, Bashar al-Assad, deixe o cargo devido à sangrenta repressão da revolta popular no país.
O revés nos esforços diplomáticos para resolver a situação gerada pelos protestos pacíficos veio depois que líderes mundiais e ativistas da oposição síria acusaram as forças de Assad de matar centenas de pessoas em um bombardeio na cidade de Homs, a mais sangrenta noite em 11 meses de agitação no país árabe.
Pouco antes de o Conselho de Segurança votar a resolução, o presidente dos EUA, Barack Obama, condenou o "ataque inqualificável" em Homs, exigiu que Assad deixasse o poder imediatamente e pediu uma ação da ONU contra a "brutalidade implacável" do presidente sírio.
"Ontem, o governo sírio matou centenas de cidadãos sírios, incluindo mulheres e crianças, em Homs, por meio de bombardeios e violência indiscriminada, e as forças sírias continuam a impedir que centenas de civis feridos procurem ajuda médica", disse Obama em um comunicado. "Qualquer governo que brutaliza e massacra seu povo não merece governar."
Ele e outros líderes ocidentais e árabes colocaram pressão sobre a Rússia, com poder de veto, para permitir que o Conselho de Segurança aprovasse uma resolução apoiando um pedido da Liga Árabe para que Assad transfira seus poderes a outro representante.
Com exceção da Rússia e da China, os outros 13 membros do Conselho de Segurança votaram a favor da resolução, que teria dito que o conselho "apoia plenamente" o plano da Liga Árabe.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse no sábado que não tinha sido possível trabalhar de forma construtiva com a Rússia antes da votação, apesar de uma intervenção militar na Síria - rejeitada por Moscou - ter sido absolutamente descartada.
"Eu pensei que poderia haver algumas maneiras de atenuar, mesmo neste último momento, algumas das preocupações que os russos tinham. Eu me ofereci para trabalhar de forma construtiva para fazê-lo. Isso não foi possível", disse ela a jornalistas na Conferência de Segurança de Munique.
Depois de negociações entre Hillary e o chanceler russo, Sergei Lavrov, classificadas de "vigorosas" por autoridades norte-americanas, Moscou anunciou que o seu ministro das Relações Exteriores iria voar para a Síria em três dias para se reunir com Assad.
"Dia triste"
Mohammed Loulichki, o embaixador marroquino na ONU, único membro árabe do conselho de 15 países, expressou seu "pesar e desapontamento" com o fato de Moscou e Pequim juntarem forças para derrubar a resolução.
O embaixador francês Gerard Araud disse ao conselho: "É um dia triste para este conselho, um dia triste para todos os sírios e um dia triste para a democracia."
Diplomatas afirmaram que a expectativa já era de que a China seguisse o exemplo da Rússia. A decisão da Rússia de votar contra a resolução veio depois que autoridades dos EUA e Europa rejeitaram uma série de alterações russas para o esboço da resolução.
Moscou disse antes da votação que a resolução não estava totalmente descartada, mas seu texto precisava ser alterado para evitar "tomar partido em uma guerra civil". Lavrov havia dito que ainda era possível chegar a um consenso.
Mas a embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Susan Rice, disse que as alterações propostas pela Rússia eram "inaceitáveis".
A França chamou o ataque a Homs de um "massacre" e um "crime contra a humanidade". A Turquia disse que centenas foram mortos e as Nações Unidas precisam agir. A Tunísia expulsou o embaixador da Síria no país e a bandeira acima de sua embaixada foi retirada.
O número de mortes relatado por ativistas e grupos de oposição varia entre 237 e 260, fazendo de Homs o ataque com mais vítimas até agora da ofensiva de Assad contra os protestos e um dos episódios mais sangrentos da "Primavera Árabe".
Moradores disseram que as forças sírias começaram a bombardear o bairro Khalidiya por volta das 20 horas (horário local) na sexta-feira com artilharia e morteiros. Eles disseram que ao menos 36 casas foram completamente destruídas com as famílias em seu interior.
"Nós estávamos sentados dentro de nossa casa quando começamos a ouvir o bombardeio. Sentimos a artilharia caindo sobre nossas cabeças", disse Waleed, um residente de Khalidiya.
"Pela manhã, nós descobrimos mais corpos, os corpos estão nas ruas. Alguns ainda estão sob os escombros", acrescentou ele.
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