Farpas voaram para todos os lados no encontro da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) na segunda-feira, quando os EUA lançaram um ataque quase aberto contra a Rússia, acusando este país de usar seus recursos econômicos para pressionar os vizinhos menores.
Os russos responderam criticando o bloco por supostamente extrapolar sua competência e acusando membros dele de tentarem impor soluções ``unilaterais'' para os conflitos legados à ex-União Soviética com o final da Guerra Fria.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusou as estruturas supostamente independentes da OSCE (que possui 56 países-membros e foi criada em 1975 para servir de fórum de cooperação Ocidente-Oriente durante a Guerra Fria), de não ajudar os países a resolver seus problemas, limitando-se a condená-los.
``Vemos um certo viés na forma como os valores estão sendo defendidos'', afirmou Lavrov no encontro realizado em Bruxelas, acrescentando que o grupo corria o risco de tornar-se irrelevante se não dedicasse suas energias para combater o terrorismo e o tráfico de drogas.
``Ou chegamos a um acordo sobre os desequilíbrios existentes dentro da OSCE como a entidade é hoje ou podemos legitimar o status quo atual e talvez recristianizar a OSCE na qualidade de uma organização para fins humanitários'', disse.
``Se for assim, então todos os países estarão aptos a decidirem se desejam ou não continuar sendo parte desta organização.''
Nicholas Burns, subsecretário de Estado dos EUA, disse durante o encontro que havia muitos ``retrocessos'' na questão dos direitos humanos em vários países-membros da OSCE e citou o exemplo de Belarus, um país aliado da Rússia.
Em uma referência quase declarada ao apoio dado pelos russos aos separatistas de regiões da Moldávia e da Geórgia, Burns acrescentou: ``Alguns países da OSCE estão recorrendo a pressões econômicas e financeiras para impor sua vontade a seus vizinhos.''
``Enquanto continuarem divididos internamente e enquanto houver apoio vindo de fora para os regimes separatistas, esses dois países vão encontrar dificuldades para materializar seus potenciais'', disse, pedindo à Rússia que termine de retirar seus soldados dos dois países.
OTAN
Burns lamentou não ter sido possível trabalhar com a Rússia para implementar um antigo pacto a respeito da limitação das forças convencionais na Europa.
Lavrov culpou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por impedir a observância do pacto e disse que a situação havia se tornado crítica.
``Isso realmente coloca em dúvida a própria viabilidade de um tratado que pode ser visto como um dos pilares do setor de segurança da Europa'', afirmou.
Os governos norte-americano e russo não conseguiram chegar a um acordo sobre os esforços do Cazaquistão, um país rico em recursos energéticos, para assumir a Presidência da OSCE em 2009.
Segundo Lavrov, a Rússia era favorável à candidatura cazaque.
Mas os EUA e alguns países europeus argumentam que a ex-República soviética, que nunca realizou uma eleição considerada limpa por observadores ocidentais, não cumpre os padrões da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Simultaneamente, há relutância em atacar um produtor estrategicamente importante de combustível que parece mais disposto a realizar reformas que muitos de seus vizinhos da região central da Ásia.
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