Manifestação em solidariedade aos protestos no Cazaquistão, realizada em Kiev, capital da Ucrânia, neste domingo (9)| Foto: EFE/EPA/SERGEY DOLZHENKO
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Na véspera da abertura de conversas sobre a crise da concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia, representantes dos governos da Rússia e dos Estados Unidos manifestaram pouca esperança de que os diálogos tragam resultados práticos.

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Diplomatas americanos e russos farão uma reunião sobre a crise em Genebra, na Suíça, nesta segunda-feira (10). Para quarta-feira (12), está marcado um debate Rússia-Otan (aliança militar do Ocidente) em Bruxelas, e para quinta-feira (13), uma conferência envolvendo Moscou, Washington e líderes de outros países europeus em Viena.

Entretanto, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov, disse à agência de notícias estatal RIA que é possível que as conversas não passem da primeira reunião. “Não posso descartar nada, este é um cenário inteiramente possível e os americanos... não deveriam ter ilusões sobre isso”, afirmou. “Naturalmente, não faremos concessões sob pressão”, acrescentou.

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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também manifestou ceticismo, em entrevista à CNN. “É difícil vislumbrar um progresso real, em vez de falar, em meio a uma atmosfera de escalada (militar), com uma arma apontada para a cabeça da Ucrânia. Então, se realmente vamos fazer progressos, teremos que ver uma desaceleração (militar russa), com a Rússia recuando da ameaça que atualmente representa para a Ucrânia”, comentou.

Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, conversaram duas vezes em dezembro sobre a crise na Ucrânia, numa videoconferência e por telefone. Nos dois contatos, Biden ameaçou aplicar fortes sanções caso Moscou invada o país vizinho. Putin respondeu com um aviso de que tais medidas poderiam levar a uma ruptura completa de laços diplomáticos entre os dois países.

Moscou alega que visa apenas a autodefesa. A Ucrânia estima que cerca de 100 mil soldados russos já estão concentrados na fronteira e teme uma invasão nos moldes da anexação da Crimeia e dos movimentos separatistas na região de Donbass, ambos em 2014.

Entre as duas conversas entre Biden e Putin, a Rússia divulgou um rascunho de um acordo que pretende negociar com os americanos, que inclui exigências como veto a uma possível entrada da Ucrânia na Otan e a devolução aos territórios dos Estados Unidos e russo de armas nucleares já implantadas em outros países, o que significaria a remoção dos armamentos que Washington armazena na Europa. Os Estados Unidos consideram essas condições inaceitáveis.

A crise ganhou novos contornos nos últimos dias, com a forte repressão aos protestos no Cazaquistão. A Rússia enviou tropas para o país, como parte de uma aliança de segurança entre seis ex-repúblicas soviéticas.

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À emissora ABC, Blinken disse que os Estados Unidos têm “dúvidas reais sobre por que foi necessário convocar esta organização que a Rússia lidera e da qual faz parte”. “Essas são coisas com as quais o governo do Cazaquistão deveria lidar por conta própria e de uma forma que respeite os direitos (da população)”, argumentou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]