Rússia expulsa vice-embaixador dos EUA e diz que será obrigada a “reagir” se não houver negociação

A Rússia expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos em Moscou, Bart Gorman, uma medida que Washington lamentou como “não provocada”, disse o Departamento de Estado americano nesta quinta-feira (17), em meio a tensões sobre a ameaça de uma invasão militar russa na Ucrânia.

“Podemos confirmar que a Rússia expulsou o chefe adjunto da missão dos EUA na Rússia, Bart Gorman. Gorman era o segundo funcionário de mais alto escalão da embaixada dos EUA”, afirmou um porta-voz do Departamento de Estado, que pediu anonimato.

Em vista desta medida “não provocada”, que o governo dos EUA vê como um passo na “escalada” das tensões, o porta-voz ressaltou que Washington está avaliando uma “resposta”.

Também nesta quinta-feira, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, vai participar de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na qual planeja denunciar planos contínuos da Rússia para uma “iminente invasão” da Ucrânia.

A reunião do Conselho de Segurança foi convocada pela Rússia, que neste mês ocupa a presidência rotativa do órgão, para discutir os Acordos de Minsk para a solução do conflito no leste da Ucrânia.

Moscou argumenta que a resolução das tensões atuais depende em grande parte da implementação plena da resolução diplomática de 2014 sobre a crise no leste da Ucrânia.

Rússia promete “medidas de natureza técnico-militar” se Ocidente não negociar

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia indicou nesta quinta-feira que o país se verá obrigado a reagir, por meio de medidas “técnico-militares”, caso não haja disposição dos Estados Unidos de negociar as garantias de segurança na Europa.

“No caso de ausência de disposição da parte americana de negociar garantias firmes e legalmente vinculantes para garantir nossa segurança, por parte dos Estados Unidos e seus aliados, a Rússia se verá obrigada a reagir, também mediante a adoção de medidas de natureza técnico-militar”, informou o ministério russo.

Este alerta foi feito pela Rússia na carta que entregou nesta quinta-feira aos EUA com sua reação às respostas americanas às exigências de segurança russas na Europa para travar a futura expansão da Otan para suas fronteiras, e também foi publicado na conta de Telegram da diplomacia russa.

A carta com a resposta russa foi entregue ao embaixador dos EUA em Moscou, John Sullivan, que se deslocou à sede do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

No documento, a Rússia acusa os EUA de não darem uma resposta construtiva às suas propostas de segurança, subvertendo sua essência e buscando vantagens para Washington e seus aliados.

“Declaramos que a parte americana não deu uma resposta construtiva aos elementos básicos do projeto de tratado com os Estados Unidos elaborado pelo lado russo sobre garantias de segurança”, diz o texto da carta.

Moscou admite que o Ocidente está disposto a iniciar um diálogo sobre controle de armas e redução de riscos militares, mas enfatiza que prefere encontrar uma “solução integral” para as questões de segurança que levanta.

“Mais uma vez, chamamos a atenção da parte americana para o fato de que a Rússia, nos documentos sobre garantias de segurança que apresentou, se propôs a seguir o caminho de uma solução integral de longo prazo para a situação inaceitável que está se desenvolvendo no espaço euro-atlântico”, ressalta a carta.

Para remediar esta situação, a Rússia propõe a criação de uma base estável para a arquitetura de segurança na forma de um acordo com a Otan no qual constate sua recusa em tomar outras medidas que prejudiquem a segurança da Rússia.

Isso continua sendo uma prioridade para a Rússia, salienta Moscou na carta aos EUA, na qual reitera que não tem planos de invadir a Ucrânia e “nunca teve”.

Ao falar da responsabilidade da Rússia na escalada na Ucrânia, Washington está tentando “pressionar” Moscou e desvalorizar suas propostas de segurança, segundo a pasta de Relações Exteriores russa.

Nesse contexto, para conseguir uma solução para a crise ucraniana, Washington deve parar de fornecer armas a Kiev e deixar de realizar exercícios militares conjuntos com a Ucrânia, indica Moscou.