A queda do avião da Malaysa Airlines colocou a Rússia na mira das grandes potências, diante da hipótese de que a aervonave ter sido abatida por um míssil lançado pelos rebeldes pró-russos estar ganhando força.
O avião, um Boeing 777, fazia a rota Amsterdã-Kuala Lumpur, com 298 pessoas a bordo e caiu no leste da Ucrânia, sem deixar nenhum sobrevivente.
O ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e seu colega americano, John Kerry, concordaram hoje com a necessidade que todas as provas sejam colocadas à disposição de uma comissão internacional de investigação.
Em uma conversa telefônica, Lavrov e Kerry "consideraram imprescindível garantir uma investigação internacional absolutamente sem impedimentos, independente e aberta sobre a catástrofe do avião malaio", assinalou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Apesar dessa aparente colaboração, Washington se mostrou também muito crítico com a atitude de Moscou diante do acidente.
"Os russos são os grandes perdedores após a queda do avião e Moscou está cada vez mais isolada do que nunca", disse o secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, em uma entrevista ao serviço de notícias "Bloomberg".
"O míssil terra-ar teve de vir da Rússia, a instrução para operar o míssil terra-ar muito provavelmente proveio da Rússia", afirmou Hagel.
Embora não esteja claro se o governo russo soube de antemão sobre o uso do míssil, "mas não há dúvida de que os russos vão ser os grandes perdedores" assim que o incidente for investigado a fundo, acrescentou.
Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que os Estados Unidos concluira que o míssil foi lançado do leste da Ucrânia.
A Rússia "continua se isolando do mundo" como resultado da política do presidente russo, Vladimir Putin, que "tem instigado o conflito no leste da Ucrânia durante meses, encoraja os separatistas e forneceu equipamento militar avançado", assinalou Hagel.
Os governos britânico e holandês acreditam que a União Europeia (UE) deve reconsiderar sua relação com a Rússia após o incidente, informou hoje primeiro-ministro inglês.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, falou hoje com seu colega holandês, Mark Rutte, e os dois coincidiram em que o vínculo do bloco comunitário com Moscou deveria ser revisado.
Downing Street informou que o embaixador russo em Londres, Alexander Yakovenko, foi convocado hoje ao Foreign Office, onde foi pedido que pedisse a Putin que exerça sua influência com os rebeldes pró-russos para que não impeçam o acesso à área onde caiu o avião.
Uma porta-voz de Downing Street disse que membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) tiveram um acesso "limitado" ao terreno onde a aeronave caiu.
Antes, o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, advertiu Putin que o mundo observa a Rússia para garantir que cumpra suas obrigações com as vítimas.
Em declaração, Hammond disse que é cada vez mais provável a hipótese de o aparelho ter sido derrubado por um míssil disparado pelos rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia.
O presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, anunciou hoje que prepara reivindicações judiciais para que as organizações separatistas pró-russas das regiões orientais de Donetsk e Lugansk sejam qualificadas como terroristas.
Poroshenko se reuniu com o ministro das Relações Exteriores holandês, Frans Timmermans, que chegou hoje à Ucrânia para ajudar na repatriação dos corpos dos 193 holandeses mortos o mais rápido possível.
O chefe da diplomacia holandesa garantiu que seu país "não descansará até que os culpados sejam levados à Justiça" e não só os autores materiais "mas também os que tornaram possível", em aparente alusão à Rússia, acusada tanto por Kiev como por Washington de participar indiretamente da tragédia.
O ministro de Transporte da Malásia, Liow Tiong Lai, que viajará esta noite à Ucrânia para supervisionar as tarefas dos investigadores, lamentou que a área não tenha sido isolada para evitar a entrada de intrusos.
A chanceler alemã, Angela Merkel, conversou com Putin sobre a necessidade de garantir uma investigação independente no local, e também o pressionou a exercer sua influência sobre os separatistas pró-russos do oriente ucraniano.
O presidente francês, François Hollande, também conversou com o presidente ucraniano, e eles concordaram que "não se pode tolerar nenhum obstáculo" à investigação.