O governo da Rússia considera que não houve avanços nas negociações com a Ucrânia, após reunião entre as delegações dos dois países em Istambul, na Turquia, embora haja o entendimento de que existem pontos "positivos" nas conversas.
"Não podemos constatar avanços. Esperamos um trabalho bastante longo", disse nesta quarta-feira (30) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista coletiva. Segundo o representante do governo, entre os elementos considerados positivos, pode ser destacado que a missão ucraniana passou a "formular e colocar no papel" suas propostas. "Até agora, não tínhamos conseguido isso", explicou o porta-voz.
O chefe da delegação russa, Vladimir Medinski, falou ontem, pela primeira vez, sobre a possibilidade de um tratado entre Moscou e Kiev, depois de negociações que descreveu como "construtivas". O próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta terça-feira que houve "avanços" nas conversas em Istambul, durante telefonema ao presidente da França, Emmanuel Macron.
Ao mesmo tempo, o líder russo se manteve inflexível sobre o desejo de seguir com a ofensiva militar na Ucrânia. "Depois da conversa substantiva de hoje, concordamos e propusemos um acordo, segundo o qual a reunião entre os chefes de Estado (Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky) é possível acontecer simultaneamente com o início de um tratado", indicou Medinski.
O chefe negociador da Rússia explicou que as propostas ucranianas incluem a renúncia de Kiev na intenção de entrar na OTAN e o compromisso ucraniano de neutralidade permanente, sendo um país sem armas nucleares ou armas de destruição em massa ou tropas estrangeiras.
Além disso, Kiev abriria mão de tentar recuperar, por via militar, a península da Crimeia e o porto de Sevastopol, assim como a reivindicação dos territórios de Donetsk e Lugansk não entraria nas garantias de segurança. Em troca, disse Medinski, a Ucrânia exige garantias internacionais de segurança e assume que a Rússia não se oporá à entrada na União Europeia.
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