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Território

Rússia inicia corrida pelo Pólo Norte

Respostas comentadas do simuladinho de Matemática |
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática (Foto: )

Curitiba – à medida que as conseqüências do aquecimento global começam a aparecer, cresce uma disputa tida como improvável até a algumas décadas atrás: a conquista do Pólo Norte. Nesse caso, as ações das mudanças climáticas podem ser consideradas bem-vindas, pelo menos para os interesses dos países que fazem fronteira com o Ártico. O degelo facilita a exploração de gás e petróleo na região. Some-se a isso a maior demanda de China e Índia por energia, distúrbios que afetam a produção de países fornecedores e a projeção de que 25% das reservas de cru no mundo estão no Pólo Norte, e a alternativa de extração que outrora era considerada mais ficção científica do que realidade começa a se tornar atraente.

Por enquanto, o Pólo Norte é considerado território internacional, neutro, administrado pela International Seabed Authority, órgão intergovernamental autônomo que possui um acordo de relações com a ONU. Canadenses e dinamarqueses lançaram no passado expedições para tentar provar a soberania de seus países sobre o Ártico. A Convenção das Nações Unidas do Direito do Mar, de 1982, garante a qualquer Estado o direito de reclamar áreas além do limite de 200 milhas náuticas, desde que comprovem que suas plataformas continentais possuem as mesmas características que o território desejado. A mais nova ambição nesse sentido vem da Rússia.

No fim de junho, um grupo de cientistas do país retornou de uma viagem de 45 dias pelo Oceano Ártico. Eles garantem ter conseguido confirmações geológicas de que a cadeia de Lomosonov, uma cordilheira submarina que corta o Pólo Norte, é uma prolongação natural do território continental russo. A animação em Moscou foi grande. O diário Komsomolskaia Pravda publicou em suas páginas um mapa do Pólo Norte sob a bandeira da Rússia. Com a descoberta, o Kremlin volta a reivindicar uma área do tamanho de Itália, Alemanha e França juntas (veja no mapa). Os russos já haviam feito o pedido antes, em 2001, mas a ONU rejeitou por falta de comprovação científica. As novas descobertas podem aumentar as chances do país. Por outro lado, abre espaço para outros países correrem atrás de seus interesses na região.

O atual caso lembra o dilema do prisioneiro na teoria dos jogos, diz Angelo Segrillo, especialista em Rússia e professor de História Contemporânea da USP. "Ninguém sabe o interesse do outro. Um país está com medo que o outro seja o primeiro a tomar alguma atitude. Agora, a Rússia está tentando algo. Os recursos de petróleo vão diminuir em questão de décadas. Então se a exploração no Pólo Norte se tornar viável e comercializável, vai ser como o estouro da manada. Todos vão buscar isso", afirma Segrillo.

Rota marítima

Caso o degelo continue na velocidade atual, a uma média de 9% ao ano, o Pólo Norte, além de se tornar atraente para a extração de petróleo e gás, poderá se tornar uma preciosa rota marítima. Uma passagem navegável entre a costa norte dos Estados Unidos e a Sibéria economizaria milhares de quilômetros para a indústria de navios.

Se a exploração de petróleo e gás no Ártico vai mesmo se tornar viável, é difícil prever. Além do frio extremo, o Pólo Norte fica quatro meses ao ano sob escuridão total. Quando se fala no futuro da prospecção de petróleo, porém, uma coisa é certa. "A cada período que passa, a cada década, novas tecnologias são desenvolvidas em busca de óleo e gás natural em condições extremas. Buscam-se novos horizonte, uma vez que as áreas de fácil prospecção começam a se limitar", afirma Edison Athayde Filho, gerente técnico da consultoria Gas Energy.

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