O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou nesta segunda-feira (3) que a Rússia levará adiante o projeto de construção de uma ponte sobre o estreito de Kerch, que separa a península da Crimeia do território da Rússia, assinado com o antigo governo ucraniano.
O anúncio de Medvedev coincide com a grande tensão nessa região autônoma ucraniana, onde as tropas russas estão fustigando as forças ucranianas para tomar o controle.
"Adotamos decisões que são vinculativas, em particular documentos que foram assinados em dezembro do ano passado e que não foram modificados nem denunciados por ninguém", disse o primeiro-ministro russo, em referência à ponte sobre o estreito de Kerch, citado pelas agências russas.
Em reunião com a cúpula do governo nos arredores de Moscou, Medvedev ressaltou que a Ucrânia "foi e sempre será um sócio econômico-comercial muito importante para Rússia".
O chefe do governo russo ressaltou que na construção da ponte no estreito de Kerch, assim como no desenvolvimento de canais comerciais adicionais e de projetos conjuntos de investimento, estão interessadas Rússia e Ucrânia.
Segundo Medvedev, a disposição do Executivo permitirá levar a um plano prático a construção deste corredor de transporte independentemente da conjuntura política.
O acordo para unir com uma ponte Crimeia - povoada majoritariamente por russos étnicos - com o território russo foi assinado entre outro projeto de cooperação com o governo do deposto presidente ucraniano Viktor Yanukovich, atualmente refugiado na Rússia.
ONU pede respeito
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, solicitou nesta segunda (3) que a "independência, a segurança, e a integridade territorial" da Ucrânia sejam preservadas.
Ban pediu que às partes em conflito que não realizem "qualquer ato que eleve ainda mais a tensão na região, e que se comprometam a ter um diálogo construtivo".
O secretário-geral, que participa em Genebra de reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, explicou em entrevista coletiva que nesta segunda terá um encontro com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e transferirá sua mensagem que é essencial "diminuir a tensão" na região.
A mesma mensagem que seu subsecretário-geral Jan Eliasson, que domingo (2) viajou para Kiev para analisar a situação no local, também transferirá às autoridades do governo ucraniano.
Ban explicou que domingo manteve uma "longa conversa" com seu enviado especial para a Ucrânia - o diplomata holandês Robert Serry, que abandonou o país após não poder visitar Crimeia como tinha previsto - mas não revelou nada sobre o encontro.
"É essencial que todos os envolvidos se comprometam a um diálogo construtivo", afirmou Ban. No sábado (1) ele falou por telefone com o presidente russo Vladimir Putin, mas da conversa não surgiram resultados concretos.
Ban se mostrou otimista que os intensos movimentos diplomatas que houve neste fim de semana e os que continuam nesta segunda possam dar frutos e a situação se acalme, "porque é preciso reduzir imperativamente a tensão".
Reino Unido
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, declarou nesta segunda (3) que está "profundamente preocupado" com a crise na Ucrânia e pediu à Rússia evitar uma intervenção na república autônoma ucraniana da Crimeia.
Em declarações à BBC desde Kiev, Hague advertiu que Moscou pode enfrentar "custos significativos" e considerou o comportamento da Rússia como "inaceitável", ao argumentar que o governo russo "tomou o controle" da Crimeia.
O ministro, que se encontra na Ucrânia para se reunir com autoridades do governo interino, disse que a situação possui um "risco constante", já que, segundo ele, a situação pode ficar de controle.
Hague destacou a resposta moderada do governo interino ucraniano diante das "provocações" do governo russo, mas disse se sentir muito "muito preocupado" com a atitude da Rússia.
"Se a Rússia continuar nesta direção, teremos que ser claros ao dizer que esta não é uma maneira aceitável de dirigir as relações internacionais. Isto é algo que a Rússia deve reconhecer", disse o chanceler britânico.
"Certamente, haverá custos significativos", especificou Hague, que não descartou a possibilidades de sanções econômicas.
Em Londres, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, informou nesta segunda (3) que presidirá uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, integrado por destacados ministros, para avaliar uma possível "resposta britânica e internacional à grave situação na Ucrânia.